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Está ruim, com tendência a piorar: goleada da Argentina e a decadência do futebol brasileiro

Al Rihla, a bola oficial da Copa do Mundo do Catar2022 – Foto: Adidas/Divulgação

Quando a seleção toma goleadas como dessa semana contra a Argentina, ou aquele 7 x 1 da Alemanha, comoção nacional e gritos por mudança pipocam Brasil afora. 

Passados alguns dias, “tudo como dantes no quartel de Abrantes”. Essa esculhambação é antiga e vai continuar piorando, porque ninguém tem poder para mudar a forma das eleições na CBF. Os clubes, com seus caros elencos e torcidas gigantes, razão de ser de tudo e que proporcionam movimentação de dinheiro incalculável, não têm força nenhuma para mudar, já que o sistema eleitoral é feito e modificado por quem está no poder, que por sua vez não quer entregar a rapadura de jeito nenhum.

Direto de Brasília, o jornalista Renato Alves, mineiro radicado lá há quase 30 anos, escreveu: “O Campeonato Brasileiro ainda não tem a tabela detalhada da 2ª rodada em diante.
A Série B ainda não tem direitos de transmissão vendidos, e a competição começa dia 04/04.
Os perfis do Brasileirão (na internet) estão sumidos. Tanto das Séries A e B e do Feminino.
E tem a arbitragem ruim, os gramados péssimos…
mas os presidentes das federações acharam ótimo a gestão do moço, tanto que o reelegeram.”

O voto de cada federação vale três, de cada clube da série A vale dois e da série B, vale um. Ou seja: as federações têm, juntas, 81 votos, os 40 clubes, da A e B, juntos, 60 votos.

Qualquer um para se candidatar precisa do apoio formal de quatro clubes e quatro federações.

Nas federações o sistema eleitoral é parecido, com forte presença das ligas do interior, cuja maioria funciona cartorialmente, pois na prática não existem.

E elas, se funcionassem, teriam papel importantíssimo na organização, regulação e fiscalização do futebol no interior de Minas e demais estados. Poderiam evitar aberrações como a que estamos assistindo em Sete Lagoas, por exemplo, conforme publicado no editorial do nosso jornal Sete Dias, de sexta-feira, dia 22 de março. Confira: “Coisa feia!”

Uma situação inusitada que se passa em Sete Lagoas serve para exemplificar o que ocorre em muitos casos no Brasil e que retrata a falta que fazem as instituições oficiais: a cidade tem várias boas escolinhas de futebol que promovem a integração de crianças de diversos bairros, além de apurar jogadores de muito talento e grande potencial para um bom futuro no esporte.

Há também vários torneios para diversas faixas etárias, com bons jogos, que atraem as famílias dos jovens atletas e um bom público de curiosos que gosta de futebol e aponta virtudes, defeitos e arrisca palpites em quem poderá se tornar jogador profissional em meio a toda aquela meninada.  

Ocorre que um time se destaca pela organização e quantidade de bons jogadores: União Talentos, que ganha a maioria das competições, gerando um certo desequilíbrio.

Infelizmente, ao invés de trabalhar para evoluir, crescer e equilibrar a disputa em um nível mais alto, grande parte dos times concorrentes está preferindo se unir e barrar a participação do União nos torneios, na base do “ele ou nós”.

Estes torneios são organizados por pessoas da comunidade, bem intencionadas, mas sem poder institucional para enfrentar este tipo de pressão. Com a “faca no peito”, imposta pela maioria, só resta sucumbir à ameaça, se quiser ter número suficiente de times para que os torneios aconteçam.

É o grande problema quando as instituições oficiais se ausentam, são destituídas ou desmoralizadas. Sete Lagoas já teve uma Liga de futebol forte, que promovia campeonatos amadores locais e regionais de altíssimo nível, que enchiam os estádios. Filiada à Federação Mineira de Futebol, a Liga de Futebol Sete-lagoana precisa abraçar e promover o futebol em suas diversas faixas etárias e modalidades com mais afinco.

Este é um assunto dela. Competições de futebol realizadas na cidade deveriam ser promovidas por ela, ou, sob a chancela e observação dela. Afinal, essa é a finalidade da existência das Ligas, filiadas às federações, que por sua vez são filiadas à CBF, que é filiada à Confederação Sul-Americana (CONMEBOL), que por sua vez é filiada à toda poderosa FIFA, que controla com mão de ferro no mundo inteiro, o futebol e o futsal, masculino e feminino.

Um percentual da renda de todo jogo oficial de futebol profissional é destinado, em suas devidas jurisdições, às federações, confederações e às Ligas do interior, para que elas cuidem do futebol em suas praças. Certamente de todo jogo do nosso Democrata, Atlético, Cruzeiro, América ou seja lá quem for, na Arena do Jacaré, é descontado no borderô, 1,5% da renda bruta, o percentual que é destinado à nossa Liga, que precisa cumprir com a sua missão de cuidar da melhor forma do futebol em Sete Lagoas e região.”

Felizmente, o Secretário Municipal de Esportes da cidade, Cláudio Raposo, que é do ramo, competente professor de Educação Física, tomou conhecimento da situação e entrou no assunto, para tentar resolver da melhor forma. Mas a obrigação de cuidar disso é da Liga, que pouco ou nada se move.

Com raras e honrosas exceções, é assim que funciona o futebol brasileiro em todo o território nacional.


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Comentários:
7
  • Fernando disse:

    É uma conveniência politica. Não adianta só falar da CBF como se ela estivesse agindo sozinha assim como as Federações. Os clubes apoiam a atual gestão e alguns elogiaram quando o Ronaldo enviou uma carta na qual apontava que a CBF necessitava renovar-se e chamou dirigentes para conversar. Muitos clubes negaram participar da tal reunião e por isso ele retirou a candidatura. Os clubes grandes não querem nenhuma mudança, não estão nem ai para os clubes regionais o que diga-se de passagem é outra burrice porque é nesse mato que sai coelho. Infelizmente não veremos essa mudança, pois nem com o vergonhoso 7×1 teve alguma mudança. Mesmo se não classificar para copa a seleção será a mesma e a CBF também.

    Eu acredito que só poderá mudar se o torcedor se negar a participar dessa balburdia. Estádios sem torcedores, planos sem assinaturas, TVs sem índice de publico.

  • Fernando Chaves disse:

    Esta desorganização é o retrato do Brasil. Isso que dá, efetivar alguém despreparado para o metiê. O presidente da cbf não passaria nem no teste do sofá, mas tem “padrinho” influente. Estamos com pessoas desqualificadas para exercer cargos que deveriam ser públicos ou ocupados por alguém do ramo com experiência em gestão.A politicagem está “matando” o
    Brasil!

  • Roberto Soares disse:

    O Gabi-sem-gol tenta lacrar usando o Galo, pra variar. Deu uma galinha pro cachorro brincar. O Gregorão te espera, rapaz..kkkkkk

  • Jesum Luciano da Silva disse:

    Bão é o que acontece no resto do Brasil, o galo foi punido com razão pelo que alguns pseudos torcedores aprontaram na final da copa Brasil, título que foi decidido no primeiro jogo, e não no segundo, quem compareceu no estádio sabia o que estava para acontecer, ontem no jogo do Palmeiras a torcida do Corinthians aprontou e duvido que o time seja punido igual fizeram com o galo, se tivesse perdido o título quem ia segurar, não dá pra entender o tanto de coisa ilícita que entra nos estádios.tecnico do palmeiras é um mala sem alça

    • Marcelo Assis disse:

      Exatamente, quero ver se vai ter punição para o CURINTIA, bombas jogadas em campo, copos, sinalizadores, e nenhum narrador chamou a atenção para a balburdia, muito diferente do que aconteceu na Arena contra o queridinho Flamerda. Enquanto os times tiverem submisso a esta Confederação, que é submissa a algumas redes de TV, vai ser isto ai. Tô esperando a punição para o CURINTIA.

  • João Cavalieri disse:

    Bom dia!

    Nenhum ‘dirigente’ terá o direito de reclamar de arbitragem, calendário apertado, remarcação de jogos e etc. São todos atores dessa porcaria.

  • Silvio Torres disse:

    “O preço do subdesenvolvimento é a eterna ignorância”. Essa frase do jornalista Luis Nassif, feita para alguns descalabros da economia tupiniquim, se aplica muito bem ao nosso futebol. A ignorância que não aceita mudanças para melhor, que tem pavor dos mais inteligentes e competentes, pois seriam ameaças aos privilégios feudais, que não consegue enxergar que a evolução traria ganhos para os próprios ignorantes. Estamos às vésperas do início da mais importante competição do país e o descalabro é o mesmo de décadas. A desgraça, a chaga pestilenta dos principais estaduais só acabou há pouco, com uma partida abaixo da crítica no Itaquerão. E estou falando do estadual que os “especialistas” da mídia do eixo dizem ser o pica das galáxias..quá quá quá. O GE publicou essa semana reportagem mostrando que mais de 130 clubes ficarão inativos a partir de agora com o fim dos rurais. Uma verdadeira revolução seria feita no país com aquela velha fórmula que prego aqui no seu blog há mais de quinze anos. Estaduais o ano inteiro SEM A PARTICIPAÇÃO dos clubes das séries A e B. É tão simples, é tão básico, é tão óbvio. Os benefícios dessa mudança cairiam como um raio
    modernizante sobre o calendário, os clubes, os atletas, o marketing, o faturamento, os bolsos dos quadrúpedes que dirigem o futebol etc. Mas é com fastio que reconheço: a eterna ignorância vence sempre. A “coisa feia” setelagoana mostrada pelo Sete Dias nada mais é do que a reprodução, em nível paroquial, da incúria praticada pela cúpula burra e inescrupulosa.