Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG
Um dos bons comentaristas aqui blog é o Alexis Campos. Colaborador dos primeiros tempos deste espaço. Pena que some de vez em quando. Mas quando aparece, sempre vem com ótimos textos, para reflexão. Como este, por exemplo, sobre arbitragens.
O assunto é uma eterna caixa preta. Mistério danado, que envolve um poder supremo dos apitadores, bandeiras e mais recentemente também o VAR.
Eles têm muito poder enquanto a bola rola, mas também são os mais frágeis nessa engrenagem do futebol, principalmente no Brasil, onde não são profissionalizados, não têm uma legislação que os proteja, muito menos uma associação que lhes dê qualquer garantia.
E, cada vez mais pressionados e vigiados.
Confira:
“Prezado Chico,
espero que esteja bem.
Nasci em 1979, e quando comecei a acompanhar futebol pela TV, ali pela metade dos anos 80, me incomodava o porquê de as emissoras transmitirem – quase que exclusivamente – partidas de clubes do eixo Rio – São Paulo. Na época não havia tantas opções de canais por assinatura, streaming ou YouTube, e Globo, Bandeirantes, SBT, Manchete – naquela época firme e forte – e Record saturavam o telespectador com os “queridinhos” Flamengo, Botafogo, Santos e Corinthians. Para acompanhar os jogos dos times mineiros praticamente só pelo rádio, ou no próprio estádio.
Meu saudoso pai, “Seu” João, era árbitro amador, e me levou em várias viagens pelo interior de Minas para acompanhá-lo no que tanto amava. Herdei dele o hábito de acompanhar as escalas de arbitragem dos torneios. E, nos últimos tempos, as escalas têm me chamado a atenção: assim como os times “queridinhos” da TV, aparentemente as Federações também possuem os seus “homens de preto” prediletos.
Por exemplo: nas oitavas de final da Copa do Brasil, seis dos oito árbitros que apitaram nos jogos de ida estão escalados para os jogos da volta – com a curiosidade de que Raphael Claus e Raphael Rodrigo Klein apitarão os mesmos jogos, de forma invertida: Klaus conduziu Flamengo X Galo na ida, apitará Vasco X CSA na volta. Klein arbitrou CSA X Vasco na ida, comandará Galo X Flamengo na volta.
Dos dez árbitros escalados nos dezesseis jogos das oitavas de final da Copa do Brasil – os seis que se repetiram, mais os quatro que atuaram apenas na ida ou na volta – quatro deles estiveram escalados de duas a três vezes nas últimas três rodadas do Campeonato Brasileiro da Série A, enquanto os demais apitaram de uma a duas vezes. A escala da série A nem se fala! Só figuras repetidas.
Não sei se o nível de atuação deles é tão superior aos demais ou se falta à Comissão de Arbitragem da CBF investimento na qualificação de novos árbitros, aumentando as opções para a escala. Fato é que, seja qual for o motivo, é ligar a TV e eles estão sempre lá: Daronco, Wilton Pereira Sampaio, Ramon Abatti Abel, Klaus, Candançam.
Aliás, ao puxar pela memória, parece vir de muito tempo essa história da CBF com seus times “queridinhos” e com seus homens de confiança onipresentes, como Aragão, Romualdo, Wright, Wilson Mendonça, Dacildo Mourão, Godói, Simon…
Abraço!”
Alexis Campos
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E aquele penal não assinalado para o Galo pode fazer falta. Tomara que o Galo não entre sonolento como na decisão contra o Bucaramanga.