Alguns absurdos e outras histórias interessantes sobre o nosso futebol

Algumas notas da coluna Painel FC, da Folha de S. Paulo de hoje, me chamaram a atenção e aproveito para trocar umas ideias com os senhores sobre elas. 

A primeira é sobre alguns gastos absurdos com a Copa na construção de “elefantes brancos” com dinheiro nosso: 

* “Não será nada simples colocar em pé a privatização da Arena da Amazônia, proposta pelo governo local. As principais empresas gestoras de estádios no Brasil não têm interesse, hoje, em assumir a gestão da arena de Manaus. O mesmo pensamento vale para mais dois estádios da Copa taxados de “elefantes brancos”: o Mané Garrincha, em Brasília, e a Arena Pantanal, em Cuiabá. As empresas não veem como lucrar com essas arenas.”

E imaginar que o novo Mané Garrincha passou dos R$ 2 bilhões e nenhum político responsável pagará ou devolverá R$ 1 sequer aos cofres públicos. O autor da iniciativa, governador cassado e preso, José Roberto Arruda, quase voltou ao poder agora, mas foi barrado pela lei da ficha limpa. O executor da obra, que era oposicionista do Arruda e virou governador, Agnelo Queiroz, ao invés de abortar a obra faraônica tocou o projeto e aumentou os gastos. A única punição que sofreu foi nas urnas e não conseguiu chegar ao segundo turno das eleições do Distrito Federal.

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Estas notas são sobre estádio também, porém, um particular, do Palmeiras:

* “Conta… Confirmado para ser realizado no novo estádio do Palmeiras, o show de Paul McCartney pouco vai render ao clube. Apenas 20% do valor do aluguel do estádio entrará nos cofres alviverdes – todo o restante será direcionado à WTorre, construtora da arena.

…gotas. O Palmeiras também não terá direito à renda de bilheteria. Essa divisão de receitas está prevista no contrato entre o clube paulista e a empreiteira, firmado em 2010.

Reta final. A WTorre, aliás, fará mais três eventos-teste no estádio palmeirense ainda neste mês. Está programado um jogo entre funcionários da obra neste sábado, para cerca de 500 pessoas, a gravação do DVD da Mancha-Verde no dia 22 e, por último, o jogo de despedida de Ademir da Guia, no dia 25, para 10 mil espectadores.”

É aquela história: tudo tem o seus custo e quem executa a obra quer ter retorno, pois mão se trata de ação de caridade. Aí entra o poder e a competência de negociação das partes interessadas. Um clube grande como o Palmeiras tem a sua história e a sua torcida para colocar na mesa. A empreiteira tem o know-how para tornar o sonho realidade.

Não sei se o Palmeiras negociou bem ou mal, mas uma certeza eu tenho: a experiência palmeirense e dos demais clubes donos de estádios pode ser utilizada pelos demais grande clube que estão em negociações para construir as suas futuras casas. São os casos do Atlético e do Cruzeiro que mais cedo ou mais tarde terão os seus estádios próprios.

Agora, envolver a torcia organizada Mancha Verde nos eventos teste é dar força às mais violentas e nocivas organizações que se utilizam do futebol no Brasil. Um absurdo!

E jogo de despedida do Ademir da Guia? Uai? Ele já passou há quantas décadas?

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Estas são sobre a força que o futebol continua tendo no Brasil. Mesmo tão maltratado pela cartolagem continua sendo uma preferência nacional absoluta:

* “Na tela. A vitória da seleção brasileira sobre a Argentina turbinou a fraca audiência da Globo aos sábados de manhã. A partida marcou 14 pontos em São Paulo, sendo que, normalmente, a audiência nesse horário é de 6 pontos. No Rio, o crescimento foi ainda maior: 17 pontos durante o amistoso contra 7 pontos em sábados comuns.

Na tela 2. Mesmo acontecendo no sábado de manhã, o confronto entre Brasil e Argentina rendeu a mesma audiência que Atlético-MG x São Paulo, no domingo (12) à tarde, horário nobre do futebol na televisão. A vitória dos mineiros também bateu os 14 pontos em São Paulo. Inter x Fluminense, o jogo transmitido para o Rio, rendeu menos que a seleção: 15 pontos.”

Por isso mesmo a Globo encurtou esta manhã o “Bom Dia Brasil” e tirou do ar a mala da Ana Maria Braga para mostrar Brasil x Japão, uma pelada caça milhões com menos importância que contra a Argentina, mas que rende quase a mesma audiência e grana. 

TARDELI

Até o momento dessa postagem etava 1 a 0, gol do Neymar que recebeu um passe na medida do Tardelli.

16 Responses

  1. Bom dia Chico. Sou estudante de Direito e ouvindo o seu comentário na Itatiaia há alguns dia, vc falou sobre o Ruy Barbosa. A professora pediu pra gente pesquisar sobre ele e eu me senti incomodado ao encontrar somente coisas boas sobre o pesquisado. Fiquei muito tranquilizado ao saber que vc encontrou um meio diferente de ver essa pessoa. Poderia me indicar alguma fonte de leitura que mostre as mazelas deste “Águia de Haia” ? Grato

    – Rib. Das Neves

  2. Complicado nosso país. Aí a gente vê as disputas para presidente, governador e tudo em volta que antecede e acontece, e a população, coloca fé, sem ter certeza de nada.

    O caminho que o Brasil vem tomando é assustador!

  3. Essas construções de estádio, foi pedra cantada há 8 anos atrás, quando nasceram os projetos, multimilionários.

    Me lembro que a dúvida era, se conseguiriam ter competência para erguerem os estádios, a tempo de a Copa do Mundo acontecer.

    Agora não adianta chorar, tem que se preparar para o que vier no futuro.

    Jogar dinheiro no lixo, é uma das principais virtudes dos comandantes deste país!

  4. A competição era de futebol, precisaria gastar tanto em praças onde não existe futebol? Se a ideia era levar desenvolvimento para estas regiões, porque fazer mais jogos nas outras praças e deixar os jogos menos importantes nestas regiões? Brasil é complicado…

  5. Olá, Chico! Hoje, temos uma Alemanha que trata seu povo da mesma maneira que a Seleção Alemã trata a bola e seus atletas, ou seja, como prioridade de uma instituição e não o dinheiro, como é prioridade de muitas instituições Brasil afora… Somente um país que não tem o futebol como o “cala boca do povo” é capaz de chegar ao país do futebol e fazer todo um povo se calar. http://www.euvistoacamisadogalo.com.br/

  6. O primeiro louco na presidência do Cruzeiro a propor a construção de um estádio para o clube é um ladrão sem qualquer pudor. O clube tem hoje o melhor acordo do mundo: um estádio a nível de Copa do Mundo para jogar, pagando aluguel a custo ridículo, e sem ter feito nenhum investimento. Quem fizer a proposta de endividar o clube para sair de um negócio destes, deve ser imediatamente internado.

    O único clube hoje com arrecadação de ingressos melhor que o Cruzeiro é o Corinthians. E o negócio que deu um estádio àquele clube daria cadeia em 9 de cada 10 países do mundo. O Cruzeiro está com uma média arrecadação fantástica (vide link), e não tem de entregar parte da renda “líquida” para investidor…

    No Brasil, não há lucro depois do ingresso. O torcedor que vai a um jogo de futebol americano, beisebol ou basquete, gasta mais uns 100 dólares durante a partida, comprando comida, produtos oficiais, estacionamento. No Brasil, o torcedor quer comparar o preço do item dentro do estádio com o preço fora do estádio, sem considerar fator de conveniência. É o eterno problema da EuroDisney: projetam um monte de “renda pós ingresso”, e o Francês leva o lanche debaixo do braço. E após mais de 20 anos de projeções erradas, continuam projetando faturamento futuro do mesmo jeito. Haja príncipe da Arábias para investir (no caso, coisa que acontece!).

  7. Contrariando boa parte da imprensa Mineira e o nosso amigo Thales Rosa, Tardelli é o melhor jogador em atividade no futebol brasileiro.

  8. Quanto às arenas, a eleitoreira copa do mundo deixou um espólio muito grande para o povo brasileiro, escolas, hospitais, excelente sistema de transporte, segurança, né? Tudo dinheiro público investido da pior forma possível e tem muita gente aqui que participava do movimento Vai ter copa, parabéns a todos vocês que apoiaram a copa.

  9. Existe no Brasil um “contrato de gaveta” entre os grandes empresários e o governo, seja ele de qual partido for. Quando se diz grandes empresários entenda-se Construtoras, Bancos, Industria Automotivas, Empresas Multinacionais, Empresas de Telecomunicação dentre outras de grande porte. Esses “contratos” são fechados entre empresários e governo deforma a que um dê sustentabilidade ao outro. Querem saber como funciona mais ou menos? Assistam a série “Boardwalk Empire” (Império do Contrabando). O contexto é baseado em mafiosos que dominam principalmente o contrabando do álcool e a rede de prostituição em Atlantic City, Chicago e New York nos anos 1920. Os conchavos tratados na série têm muita similaridade com o Brasil de hoje. No nosso Brasil atual os conchavos têm 100 anos de atraso devido à falta de leis, a lei eleitoral que permite ainda doação para campanhas de forma escusa e a ganância de um lado e outro na busca de dinheiro e poder. A partir do momento que possamos entender todo esse processo iremos compreender o aparecimento de absurdos como as arenas fora de propósito, obras inacabadas, escândalos nas estatais, mensalão, etc. Pobre Brasil! Nunca será uma Alemanha por conta do principal motivo: o povo é brasileiro e não alemão. Quem não entendeu eu posso desenhar.

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