Dizia Tom Jobim, com toda a razão, que o Brasil não é para “principiantes”. Lembro dessa frase quase que diariamente ao me deparar com situações do nosso cotidiano onde a frase de outro “pensador”, Kafunga, continua na moda: “no Brasil, o errado é que está certo”.
Nem falemos de política, governos e coisas tais. Fiquemos em nosso (in) mundinho do futebol.
O Botafogo luta contra o rebaixamento e perdeu em casa para outro desesperado, o Bahia, por 3 a 2. A imprensa carioca, em peso, culpou dois jogadores, com duras críticas, pela irresponsabilidade nas expulsões: Ramirez e Emerson Sheik.
O ex-atacante do Corinthians, conhecido tanto pelos gols que marca como pelas confusões que apronta, procurou uma câmera da Globo para esculhambar a CBF, como se ela fosse a culpada pela sua expulsão. Todos nós sabemos que esta entidade é uma vergonha nacional, mas não teve nada a ver com as expulsões botafoguenses, bem aplicadas pelo árbitro mineiro Igor Benevenuto.
Mas bastou o comentarista Caio Ribeiro criticar a atitude do Sheik, pelo momento errado, para levar uma avalanche de porradas nas redes sociais e de alguns companheiros de imprensa.
É quase sempre assim; as críticas e cobranças vão para o foco errado, numa transferência de responsabilidade que só agravam situações já ruins. O clube mesmo falido foi o que mais gastou em contratações neste Brasileiro e não conseguiu montar time; dois importantes jogadores são expulsos corretamente, afundam o time na partida e ainda vão desfalcá-lo na sequência. Com a agravante que o Sheik deverá tomar punição maior por ofender publicamente a CBF. Claro que ela merece, porém, a lei está do lado dela neste caso e o jogador sabe disso, veterano que é.
Mas a diretoria do Botafogo, que está de saída, o treinador e jogadores como Sheik jogam para a torcida, que engole e fica iludida, achando que o afundamento do clube é responsabilidade de terceiros e não dos próprios cartolas e funcionários.
Mais fácil botar a culpa nas arbitragens, na imprensa e na CBF, famigerada e perversa, mas que tem o poder na mão.
Pela repercussão na imprensa ficou parecendo que o Caio e o Igor Benevenuto foram os responsáveis pela derrota botafoguense.
Confira:
* “Caio Ribeiro condena protesto de Emerson Sheik e revolta telespectadores”
* Portal Terra:
“Crítica de Caio Ribeiro a Sheik revolta Twitter: “coxinha””
“. . . no duelo entre cariocas e baianos, no Rio de Janeiro. Emerson Sheik foi expulso pelo árbitro Igor Junio Benevenuto e, ao sair do gramado, externou sua revolta contra a CBF em uma das câmeras de TV.. . .”
* O Globo:
“. . . De cabeça quente após o jogo de contestada arbitragem no Maracanã, em que o Botafogo perdeu sua quarta partida seguida, dessa vez para o Bahia, o técnico Vágner Mancini reclamou da atuação do juiz mineiro Igor Benevenuto. Na partida, Ramírez (por cotovelada) e Emerson (por entrada violenta num adversário, quando já tinha cartão amarelo) foram expulsos, além de Júlio César, este já após o apito final. . . .”
* Uol Esporte:
“. . . O Bahia retornou para a etapa complementar com ímpeto ofensivo ainda não visto na partida. Talvez pela entrada de Maxi Bianchucci, que quase abriu o placar em seu primeiro lance. Mas foi a arbitragem quem roubou a cena. Igor Junio Benevenuto expulsou Ramirez aos 12min. Dois munitos depois, o mineiro colocou Emerson Sheik para fora.
Com nove em campo, o Botafogo se viu em situação delicada. . .”
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Pois é, Chico, neste país só de direitos, e nenhum dever, exigir profissionalismo, respeito às regras e leis, e postura, virou ser sinônimo de críticas e apelidos dos mais variados níveis. O futebol brasileiro já acabou há anos, mais precisamente, desde a década de 90, com aqueles salários astronomicamente irreais, que quebraram a imensa maioria dos clubes, servindo para abrir um vácuo de responsabilidade e jogar os famélicos clubes nas mãos da CBF e da Globo que fazem o que quiser com o seu meio de vida, o futebol. Por isso é que todos lutam contra os moinhos de vento, ao invés de atacar os próprios problemas. Uma miopia proposital, que só vai minando o interesse dos mais jovens pelo futebol, que é visto como um esporte com regras arcaicas, distanciado da realidade de muitos, posto que caríssimo, com normas extracampo inexplicáveis. Mas, principalmente, com atores que não têm o menor compromisso com o espetáculo, com o todo, nem mesmo com os torcedores, mas apenas consigo mesmo…
Caro Chico, desculpe mas essa frase do Kafunga que “no Brasil, o errado é que está certo”, está errado… sabe pq o Marcio (Emerson Sheik) estava reclamando do fato de a CBF (arbitragem) ter feito um relatório afirmando que o mesmo estava sendo violento nos jogos deste brasileiro e os arbitro teriam que ser mais enérgico com ele (só lembra da entrada que o mesmo fez no Henrique do Cruzeiro)…. é por este motivo que ele estava reclamando da CBF e arbitragem e como a maioria da imprensa não sabia deste fato afirmou que era a reclamação por causa da vergonha que o futebol brasileiro está… mas ele estava reclamando era de uma suposta perseguição que estava sofre dos árbitros….
Apenas faço uma adaptação na frase no Brasil o errado (a falta de informação) é que está certo (que mais é transmitido e vendido)….
ridículo. esse emerson é um babaca. dos maiores que está tendo aí no futebol. é iate com latino, é namoro com subcelebridade, é beijinho em homem pra aparecer nas redes sociais e é isso aí que teve ontem. postura muito besta.
o botafogo coitado, dá pena. que timinho coitado.
mas ali no texto não é (in)mundinho do futebol, chico. acho que você quis dizer (i)mundinho do futebol.
saudações atleticanas.
Olá, Chico! Isso que dar querer criticar numa casa em que não se pode criticar. Talvez isso que tenha irritado os “críticos”. Irritou-me muito. Concordo quando você diz que o foco é outro. No entanto, Sheiks da vida estão fazendo falta em nosso futebolzinho. Que o diga Mario Sergio, Sócrates, Serginho Chulapa, Eder Aleixo, Nelinho, Neto, Romário, Edmundo… Esses além de BONS DE BOLA, falava muito e mais um pouco. Era emoção demais!!! Assim como em nossa música falta Tom “Jobinhos” da vida. Assim como em nossa imprensa falta “Cafungas” da vida. E porque não “Kubitscheks” na política… http://www.euvistoacamisadogalo.com.br/
Chico, concordo em considerar a validade da atitude do Sheik, de se considerar seu histórico como atleta, concordo que há um chororô do Botafogo e de certa forma uma transferência de responsabilidade pela crise do clube.
Sei que você fala abertamente sobre os problemas do futebol brasileiro aqui.
Então pergunto: por que não aproveitar a oportunidade pra debater mais uma vez sobre a responsabilidade da Globo/CBF e dos clubes, que se vendem a tais instituições, no caos em que se encontra nosso futebol?
Por que o Caio Ribeiro, que trabalha na “Poderosa”, preferiu criticar o Botafogo chorão e o Sheik polêmico, e não comentou sobre a CBF, que de fato é uma vergonha? Ou ainda, numa situação obviamente utópica: por que não criticou a forma como a emissora do Plim Plim comanda o futebol e as obcenidades que vemos em nossos campos? (as razões também são óbvias)
É muito mais fácil criticar o “lado mais fraco” do que confrontar o “bicho papão”. E o Sheik pelo menos deu a cara à tapa, como outros atletas que o Fabio Fernandes citou já fizeram.
Quero ver é quem vai bater de frente com a Globo, isso sim…
Não sou “simpatizante” do Sheik, mas ele apenas disse o que incontáveis colegas de sua profissão pensam e não tem a coragem e ousadia de dizer: a CBF é uma máfia mesmo, e “direciona” seus campeonatos para quem desejar, preferencialmente àqueles eternos protegidos do RJ-SP, e daqueles outros que com eles possuem “convênio”!