A queda da chefia da arbitragem; o novo comandante e os interesses inconfessáveis

Dando sequência à minha indignação contra a falta de caráter de setores da vida brasileira, entro no futebol, onde quase tudo é obscuro e resolvido na base dos interesses inconfessáveis.

Semanas atrás a CBF quebrou o galho do Flamengo, adiando o jogo contra o Atlético.

Esta semana o Corinthians, um dos clubes mais beneficiados pelas arbitragens na história do país, experimentou desse veneno.

Na segunda-feira, a Federação Paulista pediu desculpas publicamente, e na terça, o presidente da CBF, essa figura estranha do José Maria Marin, demitiu a cúpula da arbitragem nacional.

Pôs lá um Coronel da PM do Rio, ex-árbitro; que tem fama de correto, profissional exemplar e conhecedor do assunto.

Tomara que faça bom trabalho, e que não esteja à disposição das exigências da cartolagem paulista e carioca.

O jornal O Globo de ontem publicou muitas informações sobre ele:

* “Coronel levanta bandeira da credibilidade”

MARINCEL

RIO – Relações públicas da PM do Rio por dois anos, o coronel Aristeu Leonardo Tavares vai responder por outra instituição que tenta recuperar sua imagem. O militar, cedido à Secretaria de Segurança Pública, foi nomeado ontem presidente da Comissão Nacional de Arbitragem no lugar de Sérgio Corrêa, que assumiu o recém-criado Departamento de Árbitros. Em vez de cortar a cabeça do antecessor, o presidente da CBF, José Maria Marin, deu a ele o braço administrativo da comissão.

Um dia antes, o cartola prometera mudanças diante da insatisfação causada pelo erro do bandeira Emerson de Carvalho, que ignorou três impedimentos num gol do Santos. Ao promover até aquele que exonerou, a intervenção branda de Marin revela a dificuldade de reformar certas instituições. Seja entre árbitros ou policiais, a busca pela credibilidade exige um longo trabalho.

— Me sinto orgulhoso porque sempre procurei honrar os dois uniformes que vesti — disse Aristeu, que está na reserva remunerada da PM e atua como superintendente de Planejamento e Operações na subsecretaria do mesmo nome, da qual não sabe se irá se licenciar. — Não conversei ainda.

No serviço público, sua função é cuidar da integração entre as polícias. Na arbitragem, a CBF quer aumentar a sensação de segurança.

— Vamos tentar minimizar a ocorrência de equívocos e revelar novos árbitros — disse o presidente da comissão, que, como bandeirinha, atuou em três jogos da Copa de 2006, além das decisões do Brasileiro (1999, 2002) e da Copa do Brasil (2001, 2006).

Aos 59 anos, Aristeu é mais um representante da tradição que bota policiais e juízes no mesmo time. Em São Paulo, a arbitragem é comandada pelo coronel Marcos Marinho. Na virada do ano, o ex-comandante do 7º BPM e ex-árbitro Djalma Beltrami foi preso duas vezes sob suspeita de corrupção, mas acabou solto por decisão judicial. Além de uma imagem desgastada, aqueles que usam farda e apito têm em comum no Brasil a forma muitas vezes autoritária de exercer a autoridade. Como relações públicas, Aristeu preza pelo diálogo.

— Atuei pela polícia da mesma forma que honrei os escudos da Federação do Rio, da CBF e da Fifa. Tenho certeza que meus companheiros pensam assim.

Antes da nomeação, atuando como ouvidor da arbitragem, Aristeu diz não ter encontrado nas estatísticas respaldo para a sensação de que os juízes nunca erraram tanto. As reclamações geradas pelos quase 180 jogos disputados pela Séria A geraram 32 pareceres, sendo que 20 foram julgados improcedentes.

* http://oglobo.globo.com/esportes/coronel-levanta-bandeira-da-credibilidade-5874116#ixzz24T9RMEwF

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Ainda sobre torcida única no clássico, o Renato Passos enviou ótimo artigo do companheiro Lédio Carmona, e o Marco Antônio Falcone, comandante da Falke Bier, escreveu um texto muito interessante também.

“Grande Chico Maia,

Li este texto da lavra do também grande Lédio Carmona, um dos poucos cronistas esportivos que respeito. vale a pena ver como o assunto repercute fora de MG.
Um abraço

* “PERIGO REAL e IMEDIATO”

Respeito a preocupação com a segurança. Não suporto mais ler e ouvir histórias de mortes de torcedores devido a confrontos boçais contra desafetos. A rivalidade no futebol deixou de ser saudável para se tornar algo intragável. Tudo é verdade. Mas nada disso justifica a decisão de que o clássico de domingo entre Cruzeiro e Atlético Mineiro seja disputado com torcida única. No caso, por ser mandante, apenas o Cruzeiro terá torcedores no Estádio Independência. O Atlético Mineiro, líder e melhor time da competição, será obrigado a ter seus fiéis adeptos condenados a ficar em casa numa partida importantissima e disputada “dentro de casa”.

Se o Cruzeiro fosse o punido a ficar em casa minha opinião seria exatamente a mesma. A segurança pública tem o direito e dever de tomar suas decisões, mas o clássico de torcida única é um tiro no pé da sociedade. É assumir de vez que não há soluções para banir vagabundos e bandidos dos estádios. É assumir que toda praça esportiva é um barril de pólvora e que o cidadão de bem deve pensar 567 vezes antes de ir a uma arena (termo da moda).

Se o Independência não está preparado para os perigos do clássico, lamento mais ainda. Tão novo, tão belo, motivo de orgulho para os mineiros, deve estaria pronto para receber o principal jogo do estado. O tema sobre segurança do torcedor deve ser prioridade sempre. Relativizar e tomar a decisão medonha do jogo com uma torcida só é lavar as mãos. É uma espécie de amputação do espetáculo. Um jogo de futebol tem duas torcidas e são elas que ajudam a incrementar a emoção em campo. Domingo, no Independência, só teremos um lado. O outro fica em casa. Como se isso evitasse confrontos. Alguém duvida que haverá problemas e badernas dos vagabundos pelas ruas de BH? E quem disse que não há briga entre representantes de uma mesma torcida?

O mais grave é que a prática corre risco de virar moda. Primeiro, justificava-se a decisão pelos clássicos em Sete Lagoas. Agora, com estádio pronto, repete-se o protocolo em Belo Horizonte. Não se surpreendam que a prática, daqui a um tempo, se estenda para outros estados. Repito: as autoridades tem todos os motivos para temer pela segurança dos torcedores do bem. Deve mesmo trabalhar muito em cima do tema . Porém, na minha humilde opinião, inventar jogo de torcida única, é trancafiar gente de bem dentro de casa por causa de meia dúzia de pilantras. Pode ser o começo do fim. Ou simplesmente a dolorosa rendição da sociedade brasileira que ama, vive o futebol e tem o estádio como extensão da sua casa.”

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* “Chico,

sei que o assunto já cansou, você mesmo já falou tudo sobre esta estupidez. Mas para respaldar, quando se criaram os jogos de futebol e consequentemente as torcidas, as polícias foram chamadas para fazer sua função de coadjuvantes, de auxiliares, ou seja, dar segurança.

Hoje, inverteram a lógica. A idéia é anular os eventos, mobilizando cada vez menos a polícia para esta função básica (prestar segurança a eventos), sem nenhum efeito a possíveis benefícios referentes à segurança pública, cada vez mais inóqua e inoperante.

O Estado, no que tange às polícias, tem que entender que tem que cumprir sua função, e não escolher as demandas que quer ou não agir.”

Um abraço,

Marco Falcone

10 Responses

  1. boa tarde nacao atleticana

    ola naçao atleticana vamos ou nao vamos ganhar do cruzeiro domingo alguem pode ariscar o placar ,eu to achando que o cruzeiro na vai aguentar uma abraço.

    – amarantina-ouro preto

  2. Os cruzeirenses estão felizes. Só cruzeirenses para apoiar o time!
    Só um detalhe, a torcida ajuda e muito, mas pode também se virar contra o time se o tiro sair pela culatra! Também é bom lembrar que no segundo jogo, que poderá valer muito mais qualquer lado, somente atleticanos poderão entrar no recinto!

  3. O governador nao se manifestou quanto ao jogo de torcida unica. Acho que quem tem que da explicaçoes é ele, pois ele é o chefe maior do estado. Fosse eu o governador exonerava o comandante da policia por incompetencia.

  4. Para essas decisões, ações e condutas da PMMG em relação proibição de uma das torcidas no clássico, ao longo dos anos, nada melhor para ilustrá-las do que essa poesia de Maiakoski….

    “Primeiro, eles vêm à noite, com passo furtivo
    arrancam uma flor
    e não dizemos nada.

    No dia seguinte, já não tomam precauções:
    entram no nosso jardim,
    pisam nossas flores,
    matam nosso cão
    e não dizemos nada.

    Até que um dia, o mais débil dentre eles
    entra sozinho em nossa casa,
    rouba nossa luz,
    arranca a voz de nossa garganta
    e já não podemos dizer nada.”

  5. Com relação ao clássico de torcida única considero que seja uma pena ser de torcida única. Entretanto, para que um jogo deste tivesse as duas torcidas no Independência, teria que ser feito uma operação de guerra para que as confusões e brigas não ocorressem. Teria que ter, além do efetivo completo da PM nas ruas, o reforço das tropas do GATE, e talvez até a Força de Segurança Nacional com o Exército. E este efetivo todo só por causa de uma partida de futebol iria dar o que falar, não é verdade?

    Ou então, teriam que montar um excelente esquema de inteligência logística para as torcidas chegarem ao estádio por caminhos diferentes, o que poderia tornar as coisas mais fáceis. Mas as características de acesso ao estádio dificultam esta situação. Tanto atleticanos, quanto cruzeirenses poderiam se encontrar nas estações de metrô ou em qualquer rua próxima ao estádio. Aí, se um grupo for muito mais numeroso que o outro a “guerra” está formada.

    Vários órgãos de imprensa criticaram duramente a PM e as autoridades, ao afirmarem que para eles torcida única era comodidade, uma verdadeira fuga dos desafios de se garantir uma segurança eficaz no estádio e no entorno do mesmo. Porém, aos olhos da polícia esta medida visa prevenir brigas, violência e até a morte de torcedores feita por bandidos que usam o futebol para brigar, violentar e até matar o outro só por ele torcer para outro time. Lamentável.

    Para isto ter solução são necessárias duas coisas muito importantes: Educação para se orientar e ensinar as pessoas a se respeitar as diferenças de opinião e preferências, e punição pesada para quem aprontar confusão nas ruas, seja por qualquer motivo.

    Esta decisão de torcida única é uma grande derrota para o esporte, a democracia e as pessoas de bem, que querem exercer o legítimo direito de ir e vir.

    Um abraço Chico,

  6. O próximo palco com torcida única será o MINEIRÃO. Ouvi na esportes fm 94,1 essa semana entrevista do comandante do policiamento de eventos da capital sobre os motivos de ser clássico de torcida única. Partindo das palavras dele, Mineirão também não terá as duas torcidas no clássico.

    Quem viver verá!!!

  7. Já que foi feita a vontade da PM, podemos deduzir que sobrará efetivo que que seria usado em caso de duas torcidas. Sendo assim, é hora de se perguntar; será que a PM usará esta ¨sobra¨ para garantir a segurança nas proximidades dos inumeros locais (bares e restaurantes) que estarão lotados e com torcida mista? Será que o seu setor de ¨ INTELIGENCIA (?) atentou para este fato? Sei não….tenho minhas dúvidas.

  8. Prezado,Antonio Catão Jr,você se equivocou:Essa poesia não é do grande Maiakóvski…E sim do poeta e escritor carioca,Eduardo Alves da Costa.E se chama: No Caminho Com Maiakóvski…Abraços!

  9. Caro Chico,

    Sugiro que doravante, todos os classico devam ser jogados sem torcida nenhuma, pois assim talvez nao haverá confusoes… ou melhor, que nem tenha mais classicos, pois assim nao havera riscos do pessoal depois de assistir os jogos pela, saiam pela rua para brigarem. É o Esstado assinando sua incompetencia.

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