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Escrito pelo Leonardo Moura
Não precisamos de parceria, mas sim de vergonha na cara
“Dois meses após a Libertadores, nada mudou no Cruzeiro. O time não engrena por culpa de jogadores e técnico, torcida furiosa, especulaçõe…e diretoria que, além de contratar refugo, vem com papo de parceria com a Traffic…
A última parceria que eu me lembro, se não me engano, foi em 2000 com a tal Hicks Muse. Vieram Oséas, Sorín, Jackson, Zé Maria, Viveros, entre outros. Veio também o Felipão para técnico.
Muitos vão falar “ah, naquele ano vencemos a Copa do Brasil”, o que está certo. Mas de todos estes, só o Oséas teve destaque, artilheiro do torneio. O Sorín estava mal, só se recuperando após o Felipão chegar – e ele chegou depois da final, vencida pelo Marco Aurélio. Zé Maria, Viveros, Jackson…nenhum deles deixou saudades, e o que é pior, não renderam um centavo aos cofres do Cruzeiro.
Vale lembrar também que esta “parceria” não foi suficiente para o Cruzeiro vencer a Libertadores de 2001, que perdemos graças a dois fatores. O primeiro: o Felipão pediu a contratação do Arce, lateral direito, que estava sem contrato, mas o Cruzeiro recusou porque achou que ele estava velho – 32 anos – mas este “velhinho” no jogo decisivo, com dois cruzamentos, saíram dois gols do Palmeiras. O outro fator? Nos pênaltis, o Jackson (ele mesmo) chuta a bola na lua.
Em resumo, é o seguinte: não sou contra parcerias, desde que o Cruzeiro tenha algum lucro para se manter depois que a parceria resolver sair – não quero que aconteça como o Corinthians, que após a saída da MSI deu no que deu.
Ah, é claro, assinar uma parceria não significa que, da noite para o dia, a diretoria, a comissão técnica e os jogadores, de repente, vão voltar a atuar como homens de verdade. Dinheiro de parceria não compra vergonha na cara.
Raça, vontade de vencer, respeito à camisa, respeito à torcida, respeito ao salário, isto meus amigos, não se compra com dinheiro nenhum no mundo. É DISSO QUE O CRUZEIRO PRECISA HOJE.”
One Response
Respeito a opinião do torcedor Leonardo Moura, mas creio que ele se equivocou em relação às parcerias. Concordo inteiramente com a frase: “Raça, vontade de vencer, respeito à camisa, respeito à torcida, respeito ao salário, isto meus amigos, não se compra com dinheiro nenhum no mundo”. Mas nenhum dos argumentos apresentados tem qualquer relação lógica com esta frase.
A parceria com a MSI foi muito lucrativa para o Cruzeiro. Em verdade, a MSI é que teve um prejuízo enorme, tanto no Corinthians quanto no Cruzeiro. A empresa foi para o Brasil pensando em fazer uma liga séria, e teve de sair minimizando os prejuízos ao ver ser impossível levar uma administração profissional ao futebol brasileiro. O problema no Corinthians já existia antes, continuou durante, e agora se mostra depois da MSI (vide o absurdo contrato com o Ronaldo). O problema é que nem todo “parceiro” também ajuda, e alguns até atrapalham (vide o caso do Fluminense).
De qualquer forma, para fazer uma parceria com uma empresa privada séria, o clube precisa provar que tem uma administração ao menos que “passa por profissional”. É fácil dirigente de clube se promover dizendo que “está tudo em dia”, quando em verdade o clube não está pagando impostos em dia, esquece dívidas das administrações passadas, e força credores privados e renegociar suas dívidas, ou ameaça não pagar. Assim, até eu publico um balanço com lucro. Vá ver o resultado de fazer isto no Vasco da Gama!
Acho também que se está misturando o lado administrativo com os resultados do futebol. Isto são coisa completamente diferentes. Não fosse assim, campeonatos e copas eram decididos pelos balanços dos clubes, e não pelos jogadores dentro de campo. Uma coisa certamente influi a outra, mas a correlação não é direta. Há clubes muito lucrativos, como o Arsenal de Londres, que já não ganham títulos há algum tempo.
Por fim, creio que o exemplo também foi infeliz. Não me lembro de ninguém reclamando da contratação de Felipão. Em verdade, o treinador era praticamente unanimidade à época, e só saiu do Cruzeiro para a seleção. Contratado um técnico da estatura de Felipão (hoje, conforme já publicado no próprio blog do Chico, o mais bem pago técnico do mundo!) o clube iria fazer o que: não contratar jogadores indicados por ele?
Certamente é patético tanto a diretoria do Cruzeiro quanto a de outros clubes começarem agora, em Setembro, a fazerem anúncios que desviam a atenção do fato de que os resultados em campo não estão aparecendo. Não dou um mês para voltar a novela do “estádio” para o clube. Mas o discurso contra parcerias não fez sentido.