
Foto: CBF
Twitter da revista Piaui, que publicou a reportagem que iniciou a queda do presidente da CBF:
“A decisão de remeter o processo ao TJ do Rio sugere que Gilmar Mendes, depois de todo o desgaste à sua imagem, resolveu, enfim, pular do barco de Ednaldo Rodrigues.”
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Manchete na imprensa nacional ontem e hoje: “Justiça afasta Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF – Decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro muda comando da entidade…”
Lembrei daquela frase que ficou famosa no país; “Perdeu, mané!”
Na política e no futebol, quase tudo se mistura no Brasil. Muito difícil de entender é mesmo. Apresento aqui para as senhoras e senhores, um punhado de informações, do passado e do presente para que cheguem às próprias concussões.
Resumindo o que penso: o ex-presidente da república, José Sarney, atualmente com 95 anos de idade, e João Havelange, que morreu em 15 agosto de 2016, aos 100 anos, continuam fortes, e atuantes. E Ricardo Teixeira, 77 anos, “exilado” dentro de casa, também!
Dirigindo até o Sul da Bahia, fui ouvindo o podcast “O sequestro da amarelinha, de 2021” (que recomendo) e passei a entender melhor o que está havendo nessa guerra de poder e alto$ intere$$e$ na CBF, que vem lá de 2001, quando Ricardo Teixeira estava quase caindo da presidência, mas com a conquista do penta na Copa de 2002, se safou e ficou mais forte no cargo ainda. Nos bastidores, continua fortíssimo.
Na CPI do futebol, em 2001, o advogado de Teixeira era o atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso
Ednaldo Rodrigues se aliou a gente poderosa da justiça nacional (Ministro do Supremo Gilmar Mendes), inclusive, e parecia imbatível, “incaível”.
De repente, surge o filho do José Sarney na parada, Fernando Sarney, ligado a Ricardo Teixeira (de quem foi vice-presidente) e ao ex-sogro dele, falecido João Havelange, a origem de tudo.
Twitter @liberta___depre
“Cinco dos últimos seis presidentes da CBF foram presos ou afastados do cargo. Acusações: – Ricardo Teixeira (1999-2012): corrupção – José Maria Marin (2012-2015): corrupção – Marco Polo Del Nero (2015-2017): corrupção – Rogério Caboclo (2019-2021): assédio sexual – Ednaldo Rodrigues (2021-2025): fraude em assinatura – Apenas Coronel Nunes (2017-2019 / 2021) não saiu do cargo de forma coercitiva.”
“Eu sou sócio do IDP e, em dado momento histórico, o IDP aceitou uma proposta da CBF para realizar os custos que a CBF Academy [instituição de ensino da entidade] fazia. Foi somente um contrato de direito privado dirigido pela direção do IDP. Não há conflito de interesse em relação a esta questão. O IDP é uma instituição extremamente conceituada no Brasil e no exterior. Neste caso, [o IDP] estava organizando e cedendo seu bom prestígio à CBF, e não o contrário…”
Ministro Gilmar Mendes ao Uol, em entrevista ontem.
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Coluna Panorama Esportivo – O Globo – 29/01/2024
A decisão de Gilmar, entretanto, é monocrática. Mesmo que as chances de revertê-la sejam remotas — até porque não houve recurso de nenhuma parte — ela ainda precisa ser validada pelo pleno do STF. Todos os ministros irão votar com exceção de Barroso (que é tio do advogado da CBF) e de Luiz Fux (cujo filho advogou pra CBF durante o TAC assinado com o Ministério Público que desencadeou toda essa crise) que devem se declarar impedidos.
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Na Folha de S. Paulo/Uol, em 2001
Teixeira fica, diz advogado
São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2001
DA SUCURSAL DO RIO
Luís Roberto Barroso, advogado da CBF, disse ontem que o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, não vai renunciar por causa da pressão pelas investigações que sofre na CPI do Futebol.
Essa foi a única declaração em nome do dirigente que Barroso afirmou estar autorizado a dar.
Desde a última quinta-feira, Teixeira está recluso em sua casa e ainda não se pronunciou. O advogado também divulgou uma nota oficial em que o presidente da CBF se defende das acusações.
Na nota, o dirigente diz que foi “surpreendido com a divulgação indevida [no programa “Globo Repórter”, da TV Globo” e com os comentários e especulações inverazes (sic) que a acompanharam”.
Teixeira também afirma que o crescimento do seu patrimônio “é perfeitamente compatível” com os seus rendimentos, “declarados ao Imposto de Renda”. O presidente da CBF diz ainda que “nunca teve empresas no exterior”.
Depois de divulgar a nota, Barroso deu uma entrevista para falar “apenas” sobre a entidade.
Ele disse que as acusações fazem parte de um “golpismo” dos opositores, mas não respondeu a nenhuma denúncia contra Teixeira.
O advogado demostrou desconhecer os balanços contábeis da CBF. Ao ser indagado se o presidente da entidade havia cometido crime, Barroso disse que não estava autorizado a responder. (SR)
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O Estado de São Paulo/Agência Estado
Advogado da CBF não explica acusação 03/03/2012 | 14h37
Atualização: 21/08/2001 |
…. o advogado Luís Roberto Barroso para esclarecer as suspeitas de envolvimento do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, em uma série de irregularidades, como denunciou a TV Globo, na última edição do programa Globo Repórter. Muito tenso, Barroso não conseguiu explicar nada e nem sequer defendeu a integridade de Teixeira. Perguntado se poderia assegurar que o dirigente não cometera crimes de lavagem de dinheiro, evasão fiscal, apropriação indébita, perjúrio e sonegação fiscal, como suspeita a CPI do Futebol, do Senado, Barroso surpreendeu. “Não estou autorizado a falar em nome do presidente”, foi a sua resposta. Ele disse que vai sugerir a Teixeira que a CBF entre com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tornar nula qualquer investigação a respeito dos negócios relacionados à CBF. “Como entidade privada, não pode ser investigada por uma CPI; é uma inconstitucionalidade”, afirmou. Barroso deixou escapar, no meio da entrevista, que Teixeira poderia vir a tentar o quarto mandato seguido à presidência da CBF. “Com certeza, ele não vai renunciar. Pelos precedentes dele, é muito mais fácil que se candidate de novo.” …
Presidente da CBF troca a sua defesa em processo no STF
Ednaldo Rodrigues recolocou no caso junta de advogados que vai de sobrinho de membro do Tribunal a ex-ministro da Justiça
Por Athos Moura
— Rio de Janeiro
29/01/2024
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, trocou a sua defesa no processo no Superior Tribunal Federal (STF). O pedido foi feito no sábado às 21h35. Quem deixou o caso foi o advogado Fernando Marques de Campos Cabral Filho. E quem entrou foi a junta de advogados que defendeu Ednaldo quando o processo ainda estava no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
Fazem parte deste time Rafael Barroso Fontelles, sobrinho do ministro do STF Luís Roberto Barroso; Gamil Foppel, ex-diretor jurídico da CBF e que hoje é consultor da presidência; José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça do governo Dilma; além de Pierpaolo Bottini e Igor Sant’ana Tamasauskas, que trabalharam no Ministério da Justiça no primeiro governo Lula.
Foi neste processo, relatado pelo ministro Gilmar Mendes, que Ednaldo conseguiu retornar à presidência da CBF. A alegação era a de que haveria danos a entidade já que ela não poderia inscrever a seleção brasileira no pré-olímpico porque a Fifa e Conmebol não reconheciam o interventor nomeado pela Justiça do Rio de Janeiro.
A decisão de Gilmar, entretanto, é monocrática. Mesmo que as chances de revertê-la sejam remotas — até porque não houve recurso de nenhuma parte — ela ainda precisa ser validada pelo pleno do STF. Todos os ministros irão votar com exceção de Barroso (que é tio do advogado da CBF) e de Luiz Fux (cujo filho advogou pra CBF durante o TAC assinado com o Ministério Público que desencadeou toda essa crise) que devem se declarar impedidos.