Ilustração: colunadofla.com
A maioria das pessoas físicas não se dá conta da gravidade que é a inadimplência fiscal. Quando alguém tem uma empresa constituída, micro, pequena, média ou grande, a coisa muda de figura. Dever impostos se torna um inferno na vida de qualquer cidadão correto. Quando essa dívida foge do controle e vira uma bola de neve, sai de baixo. O governo (seja municipal, estadual ou federal – pior ainda) arrebenta com o sujeito. Para evitar que milhares de empresas e pessoas físicas quebrassem o governo federal criou o Refis, programa redução de multas, juros e parcelamento do pagamento de dívidas ativas com a Receita, INSS e outros órgãos públicos. O primeiro foi criado em 2000. De lá para cá foram mais 30, o último em 2017. Em 2015 foi criado o Profut, que também é um Refis, específico para os clubes de futebol profissional, que têm privilégios em relação a empresas e pessoas físicas, como por exemplo: podem parcelar suas dívidas em até 240 meses, enquanto o outro permite em até 120.
Os clubes brasileiros vivem obtendo privilégios do governo. Aquela farra de patrocínios da Caixa Econômica Federal, por exemplo, era um absurdo. Ao invés de fomentar a economia, ajudar empresas com capital de giro, incentivar geração de novos empregos, que seria a finalidade número um da existência dela, bancava clubes país afora, sem nenhuma contrapartida. Por essas e outras é que os dirigentes não pensam duas vezes em contratar pernas de pau ou renovar contratos com velhos e ex-jogadores em atividade. Nenhuma responsabilidade jurídica pesará sobre os ombros deles. Sobra para os clubes, que entretanto, são quase sempre socorridos por padrinhos políticos. Na Europa isso acabou nos anos 1980. Aqui, ainda estamos engatinhando no assunto. Até há pouco tempo Atlético, Flamengo, Corinthians, Vasco, Fluminense e o Botafogo lideravam a lista dos maiores devedores. Porém, o Cruzeiro entrou com muita força no rol dos mais problemáticos e reportagem de hoje na Folha de S. Paulo mostra a situação da Raposa e outros clubes:
* “Cruzeiro pode ser primeiro grande clube excluído do Profut”
Rebaixados à Série B, mineiros acumulam R$ 269 milhões em dívidas com governo
A diretoria do Cruzeiro tem até quinta-feira (27) para apresentar sua defesa no plenário da Apfut (Autoridade Pública de Governança do Futebol) e tentar evitar a exclusão da lista de clubes do Profut.
Caso não consiga reverter a decisão da primeira instância, o clube mineiro será o primeiro entre os grandes do país a perder o benefício do programa de refinanciamento implementado pelo governo federal em 2015.
A agremiação está inscrita na Dívida Ativa da União em R$ 268.629.934,86. O montante é referente a débitos de Imposto de Renda, PIS (Programa de Integração Social), Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e previdenciários.
O Profut, que entrou em vigor em agosto de 2015, ofereceu aos clubes a possibilidade de parcelar suas dívidas com o governo em até 240 meses (20 anos), com descontos de 70% das multas e 40% dos juros, além de isentar os encargos legais. (mais…)