Da seção “leituras de Carnaval”, ainda está em tempo de ler a bela crônica de Xico Sá, na Folha de S. Paulo, do dia 4 de março:
“XICO SÁ”
Carta para Lea T.
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Cerezo dividiu com todo mundo o carinho pela filha. Deixou claro que não há desgosto |
AMIGO TORCEDOR, amigo secador, esqueça por um momento os canalhas e os faraós que mandam no nosso futiba, esqueça as desgraças recentes do seu time do peito, deixe de lado inclusive os eufóricos triunfos. Ponha uma pedra em cima das resenhas esportivas e amoleça o seu petrificado coração de gelo.
Meu menino, minha menina, que coisa linda a carta que o Toninho Cerezo escreveu para seu filho, sua filha. Saiu na revista “Lola” deste mês, corra, velho fanático, corra, leia o manifesto do bravo pai do Leandro -o rapaz que virou Lea T..
Cerezo pôs toda a elegância que usava no futebol, talvez o mais conservador e machista dos ecossistemas terrenos, na sua declaração de amor incondicional. “Dois filhos em um”, o título da missiva, resume com graça a história.
Um chega pra lá, com classe, nos torcedores que o provocaram nos estádios quando Lea T. debutou no mundo fashion. Cerezo era técnico do Sport no momento em que a modelo, já célebre na Europa, tornou-se conhecida também por aqui.
“A paternidade é livre de qualquer padrão, de qualquer critério imposto pela sociedade, filho deve ser aceito na sua totalidade, na sua integral condição de vida, independentemente da sua orientação sexual”, diz o craque na bola, craque na ética.
Meu menino, minha menina, e não é que a Lea T. repete nas passarelas e editorias de moda a mesma elegância do ex-jogador do Galo e da seleção brasileira?! Tal pai, tal filha, cada um com a sua arte.
E pouco importa que a carta de Toninho Cerezo sirva de exemplo ou não contra o machismo no esporte. Seja no futebol ou no rúgbi. A beleza está no manifesto público de devoção pela sua criatura.
Ninguém é obrigado, em nenhuma circunstância, a demonstrar abertamente o amor ou desamor paterno. Pode-se muito bem resumir o afeto ou o incômodo à convivência, aos muros da privacidade.
Cerezo dividiu com todo mundo o carinho pela filha. Deixou claro que não há desgosto da sua parte. “Menino ou menina, Leandro ou Lea, não importa mais, sempre serei seu pai e você, orgulhosamente, um pedaço de mim”, caprichou na carta aberta.
É para se orgulhar mesmo, moça, seu pai mostrou que é um grande cara. Aproveito a oportunidade para deixar os parabéns. Pelo sucesso e pelo encanto radical que nos desperta. Quanta beleza, quanta ternura.
Um beijo deste mal-diagramado cronista.



5 Responses
Sem palavtas para comentar..Falou a voz do sangue..Do Amor!..Parabéns,ANTONIO CARLOS CEREZO….Ídolo nato..
Outro dia fiquei emocionado quando o Ronaldinho Fenômeno assumiu a paternidade de um filho que ele desconhecia, agora o Cerezo ao mostrar ao público seu amor pelo filho (a) independente de sua orientação sexual. São gestos muito bonitos que deveriam ser seguidos por muitas outras celebridades.
Realmente digno de nota.
Como pai de uma filha de quatro anos, torcedor do glorioso CAM e fã do boa praça Antonio Carlos Cerezo, com que já tive a honra de dividir a noite ao meio; eu no meu anonimato, ele com seu brilho a iluminar minha existência naqueles momentos na mesa do extinto “Uai-Bahia”, firmo que, ao tomar conhecimento de Lea T, fiquei ansioso para saber de sua posição como pai. Com a mesma postura decisiva em campo e a visão do lançamento para o gol do Rei contra a Suécia, Cerezo nos deixa cara a cara para fazer o gol, e ganhar este “jogo” – o amor é a única regra.
http://twitter.com/cabrito2606
Cerezo não poderia ter agido de outra forma.
Mais uma vez mostrou ao mundo o cara bacana, simples, humilde que é.
Toninho Cerezo foi com justiça ídolo da torcida atleticana, já me fez raiva para mais de metro exibindo a sua classe vestindo a camisa 5 do time rival e sempre jogando muito bem, especialmente os clássicos.
A gente brinca com o fato, mas, na hora de falar a sério tem que parabenizar ao Toninho pela sua grandeza.
Filhos, a gente os coloca no mundo, cria, dá orientação, mas, a vida pertence à pessoa e as escolhas / livre arbítrio são desígnios de Deus.
Parabéns Toninho Cerezo, por não fazer como outros que renegaram os seus filhos…