Foto: divulgação
A notícia que domina todos os meios de comunicação do país hoje é a prisão do Daniel Vorcaro, dono do Banco Master (sob intervenção do Banco Central) e de percentual considerável da SAF do Atlético.
Em todos estes anos que frequento o Atlético, em treinos, jogos, Sede de Lourdes, viagens e eventos em geral, não me lembro de ter conhecido ou conversado com ele.
Mas a vida dele faz lembrar bons filmes e séries da Netflix, como por exemplo, “As Mil Vidas de Bernard Tapie”, que vale demais a pena assistir.
O homem que saiu de origem simples, começou a vida profissional como vendedor, depois cantor e de repente se tornou um dos maiores empresários da França, chamado de “midas”, que comprava empresas falidas e as reerguia rapidamente.
Virou dono da Adidas e do time mais popular da França, o Olympique de Marselha, levando-o, inclusive, ao título da Liga dos Campeões em 1993. Bom de lábia, encantou até ao presidente François Miterrand, que o nomeou Ministro das Cidades.
Até que seus esquemas escusos nos meios empresariais, esportivos e principalmente políticos, começaram ser descobertos e ele foi parar na cadeia. Diagnosticado com câncer de estômago em 2017, morreu em outubro de 2021, aos 78 anos. A viúva, Dominique Tapie, disse: “só herdei dívidas” e “tive dificuldades até para pagar o enterro”.
Interessante que o princípio do fim dele e de seu império foi por causa da compra de jogadores do pouco expressivo Vallencienes, em 1993, para entregar um jogo que daria o título francês por antecipação ao Olympique, que ficaria livre para se concentrar na decisão do título da Liga dos Campeões contra o Milan. Um dos subornados foi o Burruchaga, campeão mundial pela Argentina na Copa do México em 1986.
Arrogante, sentindo-se dono da França e do mundo, Bernard Tapie quis encarar pessoalmente um promotor de justiça sério e corajoso (que se fazia de bobo) que investigava o caso. Se ferrou!
Produção da Netflix, de 2023.
Voltando a Daniel Vorcaro, o jornal O Tempo publicou no dia 17 de outubro a história da entrada dele na SAF do Galo: “Saiba qual a participação de Daniel Vorcaro na SAF do Atlético”
Em setembro de 2023, quando a SAF do Atlético foi constituída, a associação ficou 25% e a Galo Holding, criada pelo grupo de acionistas, com os 75% restantes. Em agosto, o conselho administrativo votou para que a Associação negocie 15% de seu valor.
Para entrar no quadro, Vorcaro investiu no Atlético por meio do Galo Forte FIP e adquiriu cerca de 26,9% da Galo Holding SA. O primeiro investimento foi de R$ 100 milhões, em 2023. Depois, em 2024, investiu mais R$ 200 milhões.
Os aportes foram realizados pelo fundo registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e administrado pela Trustee DTVM. Por meio dele, Vorcaro ganhou voz ativa nas decisões estratégicas da SAF e passou a integrar o conselho consultivo do futebol do clube.
Rubens e Rafael Menin possuem 55,7% da Galo Holding (41,8% da SAF), Ricardo Guimarães tem 6,3% da GH (8,4% da SAF) e o FIGA (Renato Salvador) 6,7% (9% da GH).
Alvo do MPSP
Segundo a denúncia, revelada nesta sexta-feira (17), Vorcaro teria utilizado uma rede de fundos de investimento interligados para injetar recursos de origem ilícita em seus negócios — entre eles, o Galo Forte FIP, veículo que comprou fatia da SAF atleticana. A defesa do empresário nega qualquer irregularidade, e o Atlético afirma que não há indícios de que o dinheiro usado nos aportes tenha origem ilegal.
Vorcaro e outros empresários são suspeitos de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que teria como base uma rede de fundos de investimento — entre eles, os fundos Olaf, Hans, Alepo, Maia e Astralo. Segundo a investigação, esses veículos seriam usados para mascarar a origem de recursos ligados a facções criminosas e, posteriormente, reinseri-los no sistema financeiro com aparência de legalidade.
