Foto; divulgação/Prefeitura de Montes Claros
Minha sobrinha Bruna, que não é muito ligada em futebol, me enviou bem cedo um link com entrevista do Pedro Lourenço na Folha de S. Paulo deste domingo. Agradeci, pensei que fosse sobre o Cruzeiro e disse que leria mais tarde. Mas, pensei melhor: o que haveria de diferente nessa entrevista pra que a Bruna me enviasse?
Resolvi ler pelo menos o título e o resumo, e acabei lendo toda a página, dedicada a “Mercado”, no caderno de economia e negócios da Folha. Excelente conversa do dono do BH e Cruzeiro, com a Daniele Madureira, dessas que a gente não gostaria que acabasse tão rápido. Uma aula e incentivo para todo empreendedor, em qualquer área dos negócios e da vida.
Confira:
‘O maior diferencial sou eu à frente do negócio’, diz Pedrinho, dono do Supermercados BH e do Cruzeiro
• Empresário filho de lavradores, que estudou até a 8ª série, comanda rede que superou o Pão de Açúcar
• Marca própria faz sucesso nas redes sociais e tem fãs até entre torcedores do Atlético Mineiro
• Daniele Madureira
• “Foi muito bom o Supermercados BH ter aparecido aqui no lugar do Bretas, que era uma vergonha: lá cheguei a comprar ovo que tinha pena de pinto dentro. Graças a Deus, nosso bairro agora está muito bem assistido. Parabéns, Pedrinho”, diz Antônio Mancini, morador de Uberlândia (MG), em vídeo publicado em julho nas redes sociais pelo locutor Elizeu Braga. Mancini aparece na garagem de casa, com o porta-malas do carro cheio de compras do BH. “Fui lá só comprar pão e olha aí”, diz, sorrindo.
• Em resposta, o empresário Pedro Lourenço de Oliveira, 70 anos, o Pedrinho, como é conhecido, presidente da rede Supermercados BH, aparece a bordo de um jatinho, agradecendo o cliente. “Oh, senhor Antônio Mancini, que alegria, que bom ver o vídeo do senhor. É muito importante para nós. Vamos trabalhar firme para melhorar cada dia mais. Grande abraço e obrigado aí!”
• O vídeo recebeu mais de 3.400 curtidas e quase 300 comentários, quase todos elogiosos à rede mineira, que este ano se tornou a quarta maior do país no ranking da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), ultrapassando o tradicional Pão de Açúcar e só atrás de Carrefour, Assaí e Grupo Mateus.
• Nada mal para o mineiro de Paineiras, que abriu sua primeira loja aos 40 anos. Filho de lavradores, Pedrinho trabalhou na roça a partir dos 13 e aprendeu a fazer carvão. Estudou até a 8ª série do antigo ensino médio. Se mudou para Belo Horizonte aos 18, quando começou carregando caixas em um supermercado, a antiga Casas da Banha, até se tornar gerente. “Mas sempre quis ter uma mercearia.”
• O sonho se realizou em 1996, quando os empresários Walter Arantes e Vicente Bretz, hoje donos da rede mineira Epa, ofereceram ao empreendedor um ponto em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte. Era uma loja de três check-outs, onde boa parte dos nove irmãos de Pedrinho começou a trabalhar. Com o tempo, ele comprou pequenos mercados em dificuldades, até formar uma rede, que batizou de BH, em alusão a uma rádio da capital.
• Ao final deste ano, o Supermercados BH, líder no estado, deve faturar R$ 25 bilhões, alta de 17% sobre 2024, somando 400 lojas em Minas e no Espírito Santo.
• O avanço vem sendo puxado pela aquisição da rede Bretas em Minas Gerais em fevereiro deste ano, por R$ 716 milhões –valor que representa quase a metade do R$ 1,35 bilhão que os chilenos do Cencosud pagaram pela empresa em 2010.
• “O maior diferencial sou eu à frente do negócio”, diz à Folha o empresário, que não é afeito a entrevistas, a não ser para falar do time do coração, o Cruzeiro, do qual se tornou dono no ano passado, depois de comprar do ex-jogador Ronaldo Nazário a SAF (Sociedade Anônima de Futebol) que administra o clube.
• Discreto, de atitudes simples e fala tranquila, o dono do BH traz em uma das paredes do seu escritório na sede da empresa, em Contagem, região metropolitana, uma pintura dele mesmo descarregando produtos de uma caminhonete vermelha, cena que marcou o início da rede.
• As estratégias do mineiro vão na contramão dos caminhos adotados pela concorrência. O aplicativo do BH, que soma 1,4 milhão de clientes ativos, é usado apenas como canal de relacionamento e oferta de promoções. “Não quis [implantar] venda online, gosto de levar a família para dentro da loja, onde ela tem muito mais opção de compra”, diz Pedrinho.
• Embora a rede tenha cerca de 40 atacarejos, o empresário não se interessa pelo modelo, que foi o que mais cresceu no Brasil na última década, e pensa em transformá-los em supermercado. “Eu abri porque estava todo mundo abrindo”, diz. “Mas a maioria das nossas lojas tem entre 1.000 e 2.000 m². Esse é o tamanho que eu gosto de trabalhar. Loja grande eu não gosto, porque se o consumidor vai comprar uma carne, um papel toalha, vai andar quase um quilômetro em 10 mil m², né? Hoje está todo mundo sem tempo.”
• A tática de crescer nos bairros acaba servindo para se proteger da investida de grandes competidores, como Carrefour, Assaí e Pão de Açúcar. “O que acontece com a maioria dos supermercados de fora é que eles não conhecem os estados. Eles não sabem onde pode haver loja, onde não pode. É tudo na mão de executivo, entendeu? Nesses últimos 20 anos, nós estamos fechando os espaços deles”, diz Pedrinho, que buscou abrir lojas para atender as classes B e C em regiões periféricas e em pequenas cidades. Ele afirma não contar com investidores externos e que reinveste no negócio o lucro da operação.
• As estratégias do mineiro vão na contramão dos caminhos adotados pela concorrência. O aplicativo do BH, que soma 1,4 milhão de clientes ativos, é usado apenas como canal de relacionamento e oferta de promoções. “Não quis [implantar] venda online, gosto de levar a família para dentro da loja, onde ela tem muito mais opção de compra”, diz Pedrinho.
• Embora a rede tenha cerca de 40 atacarejos, o empresário não se interessa pelo modelo, que foi o que mais cresceu no Brasil na última década, e pensa em transformá-los em supermercado. “Eu abri porque estava todo mundo abrindo”, diz. “Mas a maioria das nossas lojas tem entre 1.000 e 2.000 m². Esse é o tamanho que eu gosto de trabalhar. Loja grande eu não gosto, porque se o consumidor vai comprar uma carne, um papel toalha, vai andar quase um quilômetro em 10 mil m², né? Hoje está todo mundo sem tempo.”
• A tática de crescer nos bairros acaba servindo para se proteger da investida de grandes competidores, como Carrefour, Assaí e Pão de Açúcar. “O que acontece com a maioria dos supermercados de fora é que eles não conhecem os estados. Eles não sabem onde pode haver loja, onde não pode. É tudo na mão de executivo, entendeu? Nesses últimos 20 anos, nós estamos fechando os espaços deles”, diz Pedrinho, que buscou abrir lojas para atender as classes B e C em regiões periféricas e em pequenas cidades. Ele afirma não contar com investidores externos e que reinveste no negócio o lucro da operação.
• “Esse é um daqueles cases brasileiros que desafiam as teses que empurram o mercado”, diz o consultor Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail. Na opinião do especialista, o BH prova que operações competitivas não precisam montar uma rede nacional. “Eles têm maior proximidade com o cliente, maior conhecimento dos hábitos locais, oferecem sortimento e serviço mais adequados à sua demanda”.
• Segundo Serrentino, o BH é muito bom tanto na execução comercial (que envolve sortimento e abastecimento de produtos) quanto na operacional (funcionamento da loja e cuidado com perecíveis). “É o que determina o sucesso de um varejo alimentar.”
• Um dos trunfos da rede mineira é a sua marca própria, presente em 26 categorias, que hoje somam 210 produtos. Com preços até 40% inferiores aos das líderes, os itens fazem sucesso nas redes sociais, com consumidores mostrando o quanto economizaram. A adesão supera até disputa entre torcidas, uma vez que os produtos são elogiados por rivais do Cruzeiro. A rede de Pedrinho, na verdade, patrocina também o Atlético Mineiro e dezenas de outros times, da segunda divisão do futebol, e de modalidades como vôlei e basquete.
• “Eu sempre coloquei o Cruzeiro como sendo um troço particular meu, não é do BH, certo? Mas eu tenho uma convivência boa com os atleticanos”, diz ele, que costuma ser ovacionado pela torcida nos jogos. Entre família, empresa e time, porém, as coisas não são tão separadas. O filho mais velho de Pedrinho, Pedro Junior, é vice-presidente do Cruzeiro e também diretor de operações do Supermercados BH. “Ele vem aqui umas duas vezes por semana”, diz.
• Já Bruno de Oliveira, o filho do meio, é diretor comercial da rede. Pedro e Bruno são filhos do primeiro casamento do empresário. O caçula, João Pedro, fruto da segunda união, é diretor de marketing do BH. Entre o fim de setembro e o começo de outubro, João Pedro acompanhou o cantor Gusttavo Lima na sua turnê pela Europa. “Nós somos amigos, sou padrinho do filho dele”, diz Pedrinho sobre o cantor, que entoa o jingle do Supermercados BH nas campanhas da rede.
• No curto prazo, o empresário não pensa em expandir para outros mercados além do mineiro e o capixaba. No início do ano, houve especulações envolvendo o seu interesse no Grupo Pão de Açúcar, que acabou indo para as mãos dos rivais mineiros Coelho Diniz, que se tornaram os maiores acionistas do grupo este ano. “São Paulo é muito grande. Chegando lá, não sei onde eu estou, eu fico louco.”
• Diante do mapa de Minas Gerais na parede do escritório, Pedrinho diz que o varejo local, o segundo maior do país depois do paulista, ainda tem muito a ser desbravado. Hoje o BH está em 120 municípios, mas o estado tem 853. “Minas tem mais de 200 cidades que a gente poderia ter loja”, diz ele, olhando em especial para o Vale do Aço, no leste, onde desembarcou este ano, com a compra do Bretas. A região é dominada pelos Coelho Diniz. “Estava deixando eles quietos, mas agora vou caçar eles.”
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• RAIO-X – SUPERMERCADOS BH
• Fundação: 1996
• Sede: Contagem (MG)
• Funcionários: 44 mil
• Presença: 392 lojas e 5 centros de distribuição em Minas Gerais e Espírito Santo
• Faturamento 2024: R$ 21,3 bilhões
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/11/o-maior-diferencial-sou-eu-a-frente-do-negocio-diz-pedrinho-dono-do-supermercados-bh-e-do-cruzeiro.shtml


2 Responses
Prezado Chico Maia, bom dia. Você é o jornalista mais imparcial de Minas Gerais. Parabéns pelo seu trabalho. Aproveito para divulgar os 10 anos do meu Blog. O Blog dos Letrados Desalienados,
segue o link com a postagem referente ao aniversário de 1 década: https://blogdosletradosdesalienados.blogspot.com/2025/11/dez-anos-de-coragem-escrita-e_2.html#google_vignette
Abraço fraterno do Jornalista Sérgio Lopes
Obrigado Sérgio, e parabéns pelo Letrados Desalienados.
Abraço