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Grande músico, grande ser humano e mineiro da gema. Numa recente entrevista ao jornal O Tempo, ele soltou essa: “no caso de uma reencarnação, quero voltar como músico outra vez e mineiro. Se não tivesse sido assim, eu teria uma inveja brutal de quem nasceu aqui”.
Direto de Brasília, pelo whatsapp, o Fábio Pacelli Anselmo (irmão do saudoso Flávio Anselmo), informou por volta das 11 horas: “Mais um velho amigo que se vai. Excepcional artista, começou tocando na TV Itacolomi com 14 anos”.
Inspirador de várias gerações da música mineira e brasileira, Célio Balona era uma pessoa ótima, super agradável, prosa da melhor qualidade. Tive a honra de conhecê-lo nos meus primeiros meses de rádio Capital, em 1979. Ele sempre ia lá dar entrevistas. Assisti muitos shows dele em Belo Horizonte e interior.

A última vez que tive o prazer de prosear com ele foi em Barra do Cahy, no Sul da Bahia. Por coincidência, encontro de músicos feras, que tocam só por prazer e grandes profissionais como ele e o Marcinho (camisa azul), vocalista da Banda Zé da Guiomar, e os amigos da Batcaverna de Diamantina, Luciano Orlando (esq,), Walmisson e Raphael Botelho “Tymão”, à direita.

A Banda Zé da Guiomar prestou sua homenagem no Instagram: @zedaguiomaroficial
“Hoje é um dia muito difícil para nós do Zé da Guiomar e para toda a música mineira..
Foi com profunda tristeza que recebemos a notícia da partida do nosso querido amigo Célio Balona.
Referência pra todos nós, foi um dos maiores nomes da música feita em Minas Gerais.
Incentivador ativo e presente, esteve ao nosso lado em momentos marcantes da nossa banda.
Muito além de um profissional talentoso, foi um amigo amoroso e fiel, e sua energia positiva e alegria contagiante estarão sempre vivas em nossos corações.
Bala foi uma unanimidade!
Acima, um pequeno trecho de uma das muitas apresentações que fizemos juntos.
Siga em paz, Mister! Nos vemos adiante em outro plano.”
O Palácio das Artes, nosso templo maior da música e teatro, também:
“Os Bailes da Vida nos Vales da Eternidade – A Fundação Clóvis Salgado lamenta a morte de Célio Balona. Pianista, tecladista, acordeonista, vibrafonista e compositor, Balona teve, em incontáveis ocasiões, o Palácio das Artes como palco. Sua arte tem o tamanho da alegria que tinha de viver. Que agora, na última e maior viagem, tenha seu desejo atendido. Desejo que revelou em 2023, no jornal O Tempo, ao completar 85 anos: “no caso de uma reencarnação, quero voltar como músico outra vez e mineiro. Se não tivesse sido assim, eu teria uma inveja brutal de quem nasceu aqui”.
O portal O Tempo deu mais detalhes sobre o Célio Balona: “Morre o músico Célio Balona, mestre mineiro do acordeom que foi do choro ao jazz”
Natural de Visconde do Rio Branco, ele foi o terceiro a gravar ‘Garota de Ipanema’ e acompanhou Jair Rodrigues, Dorival Caymmi, Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso
O músico Célio Balona, de 86 anos, faleceu nesta quinta (4). A informação foi confirmada pela jornalista e amiga próxima Malluh Praxedes. Numa postagem, ela relembrou as “gargalhadas constantes, aquelas histórias todas, sua vida, sua arte, sua música e aquele acordeom incomparável.
Trajetória
A história de um dos acordeonistas mais celebrados do país começou em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata mineira. Filho de um farmacêutico que, nas horas vagas, era compositor, dramaturgo e poeta, Balona teve que vencer a desconfiança do velho Lourival Passos (que chegou a ser gravado, inclusive, por Luiz Gonzaga) para percorrer o mundo com seu instrumento, até se apresentar em Castelfidardo, na Itália, ao lado de Vince Abbracciante.
Em casa, todos os discos dos grandes cantores italianos e de orquestras internacionais tomavam o som da vitrola depois do jantar. Ao lado dos irmãos, Balona sentava-se na sala para ouvir os tenores do país da bota, a regência precisa de Victor Young e a magia que preenchia o ambiente com as baladas norte-americanas. Nas festinhas do grupo escolar, ele passou a ser escolhido para cantar, porque era naturalmente afinado.
Com a professora Nicinha Soares, estudou um pouco de canto, antes de se mudar com a família para Juiz de Fora, graças a uma transferência no emprego do pai. Foi precisamente no bairro de Santa Terezinha que ocorreu o encontro definitivo que mudaria toda a sua existência. A rotina do garoto não se alterava: almoçava, fazia o dever de casa correndo e ia para o campinho jogar bola até o anoitecer…
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Descanse em paz, caro Célio. E como diz o Milton, “qualquer dia a gente vai se encontrar”!