Reinaldo e Dirceu Lopes, convidados de honra, entre os jornalistas diretores do filme, Ricardo Correa (esq.) e Sérgio Xavier Filho – 7DiasNews
Foram duas exibições de pré-estreia em Belo Horizonte: segunda-feira, no Mineirão e, ontem, no Cinema do Centro Cultural Unimed/Minas Tênis Clube.
Sobre 50 anos da revista Placar, e será lançado no circuito comercial dia 14 de agosto.
Aqui, a minha opinião. No próximo post, a opinião do Leonardo Perez, filho do saudoso jornalista Rogério Perez (que fez grandes reportagens para a revista), que assistiu ontem.
Tive o privilégio de ser convidado e assisti segunda-feira, no Mineirão. E ainda tive a honra de poder interagir com os diretores da obra, Sérgio Xavier Filho e Ricardo Correia, grandes nomes do jornalismo brasileiro, que já foram diretores da revista, e demais convidados para esta sessão especial. Craques dos gramados, como Reinaldo e Dirceu Lopes, e craques companheiros da imprensa.
Gostei demais do vi e recomendo 100%. Aulas de jornalismo, futebol e de um importante capítulo da história do Brasil. Com algumas ressalvas, feitas diretamente ao Sérgio e ao Ricardo, que entenderam, reconheceram e explicaram: a falta de recursos financeiros e a pandemia Covid-19 provocaram alguns contratempos, impossibilitando que eles avançassem em vários aspectos, inclusive os que motivaram as minhas reclamações e de outros companheiros que se manifestaram: quase nada do futebol fora do eixo Rio/SP. Nenhum jornalista mineiro que trabalhou na revista lembrado, além de nenhum jogador ou dirigente mineiro entrevistado ou destacado.
Por exemplo, Sérgio Augusto de Carvalho, jornalista que mais marcou a história da revista em Minas, teria rendido uma ótima entrevista.
Reclamações tradicionais da “província”? Sim, mas o Brasil é composto por 26 “províncias”, e o Distrito Federal, que também é “província”, tudo junto com as também “províncias” do Rio de Janeiro e São Paulo, mais endinheiradas.
O filme dedica um tempo excessivo à “Democracia Corinthiana”, movimento liderado por Sócrates e Casagrande no Corinthians, abraçado radicalmente pelo Juca Kfouri, que era o diretor da revista na época. Um depoimento sincero do Zico, mostra que foi um movimento restrito ao clube paulista, sem deixar legado nenhum para a categoria dos jogadores país afora. E o Zico lembra, neste depoimento, que ele, como presidente do Sindicato dos Jogadores do Rio, e os companheiros do Flamengo, foram responsáveis pelo reconhecimento dos clubes de que eles eram obrigados a pagar o 13º salário à categoria, o que até então não aceitavam pagar. E que este movimento não teve nenhuma repercussão, já que a principal porta-voz do futebol brasileiro na imprensa nacional era a Placar, engajada e sem querer ofuscar a “Democracia Corintiana”.
Como movimento político, “militante” e de protesto, o braço erguido e o punho cerrado, do Reinaldo, comemorando gol na Copa da Argentina em 1978, em plena feroz ditadura argentina e brasileira da época, representou muito mais. O próprio Sócrates repetiu este gesto do Rei posteriormente e disse que foi inspirado por ele. E o Reinaldo não aparece no filme.
Referente a Minas, a citação de que a camisa nas cores verde e preta, usada pelo Pelé, na edição dos mil gols dele, faz lembrar o do “América Mineiro”. E o jornalista paulista, Carlos Maranhão, que falou do prazer dele em fazer uma reportagem de duas páginas sobre a cidade de Guaxupé (Sul de Minas) que parava nos horários de treinos e jogos da Esportiva, o time da terra, que “assombrava” os clubes da capital, com sua grande campanha no Campeonato Mineiro daquele ano.
Fora de Rio e São Paulo, há uma entrevista do Paulo Roberto Falcão, nos tempos atuais, falando da importância da revista para o nosso futebol.
Ressalvas pontuais, com as devidas justificativas dos diretores do filme. Falhas que, certamente serão corrigidas numa futura nova edição, pois esta ficou tão boa, que certamente quem assistir vai querer “Placar, a revista militante 2”.
One Response
O documentário é interessante, porém, bairrista privilegiando o eixo RJ-SP.
A Placar é um exemplo de jornalismo “raíz” buscando a notícia e publicando a “verdade”.
Preparem se para 14 de agosto que ocorrerá a exibição nos cinemas.