Desde maio estou para postar meus cumprimentos ao América de Teófilo Otoni, o “Dragão”, que bravamente conseguiu retornar à primeira divisão mineira de 2017. Aproveito para agradecer ao jornalista Sidney Junior, sempre apoiando Teófilo Otoni e os clubes do interior. Ele nos enviou na época um vídeo mostrando a festa da torcida no dia do acesso e um texto do professor e sociólogo teofilo-otonense, Luiz Alberto Bassoli.
* “Chico, boa tarde.
O Mecão de Teófilo Otoni voltou à primeira divisão do futebol mineiro. Incrível, todos nós da imprensa local apontávamos o América como um dos favoritos ao rebaixamento no início do Módulo II. E tudo ia se confirmando até a quinta rodada da primeira fase. Até que Gilmar Estevam assumiu o time na sexta rodada e tudo mudou. Com os mesmos jogadores ele conseguiu fazer um time com qualidade. A cidade está em festa. Veja no vídeo abaixo como foi a recepção ao time:
E aqui o texto do professor Luiz Alberto Bassoli:
“Quando há 80 anos atrás, aqueles jovens teofilotononeses de antanho fundaram o America Teofilo Otoni-Oficial, eles nos impuseram uma sina, que até hoje persiste.
Porque se trata de um América com alma ‘atleticana galista’. Nada pode ser normal, nada pode ser simples, nada pode ser sem sofrimento…
Especialmente no ano de um time tão modesto, sem um astro (embora com o artilheiro do campeonato, autor de um gol improvável e decisivo aos 44 do segundo tempo), tendo que enfrentar na última e decisiva partida seu maior rival, no campo adversário, um time que sobrou no campeonato.
E lá vai o Mecão, que de todas as rodadas só esteve em duas entre os primeiros colocados (as duas últimas!).
Mas ele não foi sozinho. Mais de 400 torcedores/torcedoras foram, Rio Bahia abaixo, enfrentar o risco do histórico de brigas entre as duas torcidas.
Fomos, com medo, mas fomos. Num lugar em que o América nunca ganhou (e continua sem ganhar). dependendo de outos resultados se não fizesse mais gols que a Pantera (não fez!)…
E hoje, depois da festa na Praça Tiradentes, da carreata, desta coisa tão improvável, um verdadeiro Leicester do Vale do Mucuri, que se não foi campeão, subiu, quando achávamos todos que ia era cair, depois disso tudo, queria homenagear 3 pessoas, sem as quais isto não aconteceria:
1- Giilmar Estevão: como pode este homem ter parado aqui de novo, porque ele estava desempregado… mas, como um técnico como este podia estar desempregado? Com o elenco mais pobre que ele teve, montou o time que conseguiu o que nenhum outro conseguira, subir pra série A (da outra vez, o América subiu devido a uma desistência).
2- Marcelo Buarque, um técnico que conseguiu o mais improvável: impedir que com uma greve dos jogadores no ano passado, o ano do caos, o time estivesse hoje não na primeira, mas, com boa vontade, na terceira divisão. Este acesso também é dele. E dos heróis de 2015, que não viram o dinheiro, mas mostraram amar o futebol, e respeitar a torcida e o Mecão.
3- E finalmente, nós, torcedores, que vimos uma torcida tão linda como a nossa, num espetáculo que só presenciei num Flamengo e Vasco de 1981, no Maracanã. Que emoção! Que torcidas animadas, vibrantes, alucinantes! Como 400 chegamos a gritar : ‘o Mamudão é nosso’, embora, os valadarenses, marcados pela maior tragédia ambiental da história brasileira, merecessem esta alegria, esta força, que os permita na segunda feira irem mais orgulhosos de si pro trabalho…
Mas, e nós? E nós que pegamos a estrada, o risco, a voz, e tonamos nosso grito americano mais forte, mais firme, mais lindo, de forma que no final (não do nosso jogo, mas do interminável Uberaba e Mamoré), aliás, nos vários finais, mostramos que a festa era nossa também.
A festa do improvável. A festa do aparentemente inalcançável. A festa de Tchó Tchó.
A festa de um time marcado nesta sina de 80 anos atrás. Sim, vocês vencerão. Mas nunca será simples, nunca será fácil, nunca será tranquilo e favorável.
Por isso, Lancha, você, tocedor que morreu do coração, no nosso lugar, em pleno estádio do América, durante o campeonato, pode descansar em paz.
O Mecão voltou.
Nós é que temos que manter nosso coração em dia. Porque com este time, nunca será simples, nunca será fácil, nunca será tranquilo e favorável.
Será sempre com o sangue vermelho que mancha, como se fosse suor, nossas camisas…
One Response
Ah! , saudades do tempo em que os “olheiros”
não perdiam nada que acontecia no interior .
E que fartura de craques despontavam em
equipes por essa Minas Gerais …
Hoje os cara vão ao Irã buscar lateral pro
Coelhão .