Golaço de falta, do impressionante Hulk, artilheiro isolado do campeonato (Foto: Pedro Souza/CAM)
Eu já estava me arrependendo de ter trocado a roda de samba da Bat Caverna, no Bar do João (Tomé de Souza, 810/Savassi/BH) para assistir o que estava se revelado uma pelada com grife Atlético x Tombense, quando o Hulk marcou aquele golaço de falta, desses cada vez mais raros no futebol brasileiro.
Além do mais, é o meu trabalho, né? Dever de ofício. Minha vida, sempre. Viva o futebol e muito obrigado por tudo que me proporcinou na vida!
Aí valeu a pena esperar até o fim para ver o Galo vencer a primeira da semifinal do estadual 2025. Foi 2 a 0, de primeiro tempo muito ruim, mas que no segundo, com a entrada do estreante Rony, vindo do Palmeiras, melhorou muito. O primeiro gol do Hulk, e do jogo, foi de pênalti, de marcação contestável. O Cuello baixou demais a cabeça, o defensor do Tombense fez o que tinha que fazer, tentar afastar a bola, acertando o queixo do atacante do Galo. O árbitro André Luiz Skettino Policarpo Bento (FMF) fez o de sempre quando um time do interior enfrenta um dos grandes da capital: na dúvida, apita-se a favor do grande, e fim de papo. Quando vem o Brasileiro a situação se repete, da mesma forma sacana, em nível nacional: na dúvida, o árbitro decide a favor de um paulista ou carioca que estiver enfrentando um mineiro, gaúcho, paranaense ou nordestino. E vida que segue!
Rony, em foto do Pedro Souza/CAM
Hoje, Mineirão, o jogo da volta, sábado que vem, tem como mandante o Tombense que optou por jogar na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. O torcedor de Tombos ou alguma cidade da região identificada com o Tombense, que se dane. O que importa é o interesse financeiro e outros, inconfessáveis, como tão comum no futebol e em quase tudo no Brasil. Quanto ao jogo, além do gol do Hulk, valeu ver a estreia do Rony, que deverá ser muito útil ao Atlético na temporada. Uma ótima aquisição. A ficha do jogo: Renda: R$ 1.218.250,27 Público presente: 27.342 Atlético de Cuca: Everson, Natanael, Lyanco, Júnior Alonso e Arana; Alan Franco, Gabriel Menino (Patrick), Gustavo Scarpa (Bernard) e Rubens (Rony); Cuello (Caio Paulista) e Hulk (Deyverson). Tombense de Raul Cabral Matheus, Júlio Henrique, Roger Carvalho, Rony e Dudu Mandai; João Vítor (Cleiton), Fabrício Dias e Pedro Oliveira (Luiz Felipe); Jefferson Renan (Mila), Douglas Coutinho (Anderson Ligeiro) e João Pedro (Vinícius Baracioli). Árbitro: André Luiz Skettino Policarpo Bento Assistentes: Guilherme Dias Camilo e Fernanda Nandrea Gomes Antunes VAR: Emerson de Almeida Ferreira Sobre o samba e o bar do João, a dica continua valendo, sempre. Se não deu hoje, breve haverá outra, excelente como sempre, a turma da Bat Caverna, de Diamantina, e o bar, da melhor qualidade.
Ex-presidente do Cruzeiro, o advogado Sérgio Santos Rodrigues. (Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)
O ex-presidente Sérgio Santos Rodrigues e o Cruzeiro se pronunciaram de forma incisiva contra a reportagem da Revista Piauí, que acusou o clube transação com PCC para lavar dinheiro. Atitude importante, já que a notícia repercutiu mundialmente e precisava de mais esclarecimentos dele e do clube.
As explicações do ex-presidente na página dele no instagram: sergio.santosrodrigues:
* “A maldosa reportagem feita por Alan de Abreu ontem na Revista Piauí em nada corresponde com os fatos que envolvem a relação entre o Cruzeiro e Willian Barile. O referido “jornalista” inclusive foi pessoalmente atendido para elucidar os fatos e dispensou o envio de documentos que comprovam toda a realidade do caso, contentando-se em soltar sua “estória” da forma que lhe rende mais repercussão, inclusive tendo publicado a mesma poucos minutos após ser atendido, o que mostra que sua preocupação jamais foi ouvir a verdade dos fatos. Aliás, isso está demonstrado pelo fato da reportagem versar sobre uma pessoa, mas o título recair sobre o Cruzeiro, que não representa 10% de tudo que se relata na reportagem.
Foi explicado ao “jornalista” que a relação entre William e Cruzeiro foi simples: contrato de mútuo, no valor de R$ 5 milhões (e não de R$ 3 milhões como noticiado). Trazido ao clube por pessoas envolvidas no futebol, Willian queria uma oportunidade para seu atleta agenciado Diogo Vitor; foi então oportunizado que ele treinasse no Cruzeiro para restabelecer sua forma física e, talvez, jogar. Paralelo a isso, foi feito com Willian um contrato de mútuo nos mesmos moldes de outros que foram feitos com outros empresários na gestão, todos devidamente registrados no balanço no clube.
Willian emprestou o valor ao clube a uma taxa de 0,8 % por mês, conforme consta no contrato, e ao longo do tempo recebeu todo este valor, sendo parte dele na gestão de Sérgio Santos Rodrigues e parte na gestão de Ronaldo, cuja equipe quitou integralmente o mútuo quando assumiu a gestão do clube. Todas as transações feitas de forma eletrônica, logo, facilmente identificadas por instituições bancárias ou até mesmo pela Polícia Federal que, conforme a “notícia”, estaria investigando o caso. Sem dúvidas que com todos os recursos disponíveis a respeitada instituição facilmente achará a entrada e a saída dos recursos, relembrando, lastreados em contrato e registrados em balanço.
Diante disso, imperioso indagar porque o “profissional” não quis sequer ver estes documentos, para escrever com total irresponsabilidade uma acusação séria e temerária.
Esperamos que o veículo de mídia que noticiou a fantasiosa história com uma manchete extremamente sensacionalista e inverossímil repreenda o colaborador que não fez o básico do jornalismo: apurar corretamente os fatos e ser correto com as informações recebidas.
Hoje, inclusive, disponibilizamos para a mídia interessada em ver a verdade todos os contratos que aqui mencionamos bem como os comprovantes de pagamentos feitos a Willian nas duas gestões. O mesmo dinheiro aportado voltou ao seu titular. Não existe lavagem nessa lógica. Existe má intenção de um mal (e mau) profissional. Em breve a justiça tomará conta disso.
‘O TEMPO Sports teve acesso aos comprovantes de transferência bancária – devido a sigilo fiscal, os mesmos não podem ser divulgados ao público. A dívida foi completamente quitada já na era de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), sob a gestão de Ronaldo Nazário.’
Ahhhh a verdade…. Ela chega. Mais hora, menos hora…. Ainda há pessoas de bem dispostas a focar nela e não no mal(u)… em tempo, não foi só @otempo que teve acesso aos comprovantes não. TODOS tiveram, mas cada um contou a estória que quis. (Com “e” mesmo…)” @sergio.santosrodrigues
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A nota oficial do Cruzeiro, associação, presidido por Lidson Potsch Magalhães: “Sobre a matéria “Cruzeiro lavou 3 milhões de reais do PCC na compra de atacante, diz PF”, divulgada originalmente pela Piauí e posteriormente replicada por diversos veículos, O Cruzeiro Associação traz importantes esclarecimentos que foram oferecidos e não constaram por completo na publicação que são fundamentais: O empréstimo de fato existiu e foi exatamente desta forma registrado em todos os documentos contábeis e financeiros do Cruzeiro em 2021. O contrato registrou o valor de cinco milhões de reais, e não três milhões como citado na matéria. Todas as transações desta operação foram feitas de forma eletrônica, logo, facilmente identificadas por instituições bancárias ou até mesmo pela Polícia Federal, assim como adequadamente registradas em nossos Balanços. Além disso, pagamentos iniciais foram feitos por seus juros (0,8% ao mês), sendo que sequer chegaram ao valor incorretamente citado na matéria. O contrato foi liquidado por completo já pela gestão da SAF em maio de 2023. Infelizmente para o Futebol brasileiro, tornou-se comum nos últimos anos que clubes de futebol, com heranças de má gestão por décadas, passassem a recorrer a empréstimos para viabilidade de seu fluxo de caixa. Tais créditos passaram a ocorrer também com intermediários e empresários do futebol. São inúmeros clubes do Brasil que praticaram – ou ainda o praticam- tal modalidade diretamente com os intermediários, profissionais que não deixam de ter sua função original de negociar seus jogadores empresariados com os clubes. Foi exatamente o que ocorreu no caso em questão. O fato de o Cruzeiro ter recorrido a Willian Barile Agati como alguém que emprestou ao clube o valor citado, não impedia o clube de negociar com ele jogadores que representava, como no caso em questão, Diogo Vitor. O jogador chegou ao clube sem custos e como uma boa oportunidade de mercado, considerado o baixo valor salarial, sua capacidade técnica e potencial de crescimento – que infelizmente não se confirmou – e passagens por Santos e Corinthians. Em momento algum as duas negociações se cruzaram. O empréstimo foi uma operação e a contratação foi absolutamente outra. As datas e bases de ambas deixam isso perfeitamente claro: a operação financeira se deu em janeiro e contrato com jogador apenas se deu em agosto de 2021. Até o momento, a Polícia Federal não nos pediu quaisquer esclarecimentos por essas operações. Tão logo isso ocorra, se ocorrer, toda a farta documentação e comprovantes existentes serão disponibilizados porque, reiteramos, nada foi feito fora do previsto pela legislação e pela legalidade. A respeitada instituição identificará facilmente a entrada e a saída dos recursos, reiteramos, lastreados em contrato e registrados em Balanço. Insinuar que uma operação de lavagem de dinheiro tenha todas suas movimentações registradas contabilmente e comprovações por documentos de transações eletrônicas, como faz a matéria, alcança o absurdo. Por fim, mas não menos importante: o intervalo de tempo entre o pedido de resposta para a matéria e sua publicação foi ínfimo. Impossível que tenha sido escrita, ao menos em relação que cabe ao Cruzeiro, com profunda análise de tudo que foi exposto ou mesmo documentos colocados à disposição do jornalista. Todos os documentos e comprovantes que comprovam detalhadamente o acima exposto estão e estarão à disposição das autoridades competentes, assim como daqueles que estejam dispostos a escrever matérias que realmente reproduzam a verdade dos fatos. O Cruzeiro Associação segue inteiramente disponível para qualquer esclarecimento que seja necessário.”
Há duas semanas falamos desse assunto aqui. Assim como vários comentaristas do blog, também não tenho dúvidas de que o futebol sempre foi uma grande lavanderia de dinheiro mundo afora. É dinheiro demais rolando com extrema facilidade e velocidade, às vezes por jogadores que não jogam nada e têm trajetória curta no futebol.
E como o mundo do futebol é à margem das leis que deveriam valer para todos no Brasil, tudo pode acontecer. Reportagem da revista Piauí que chegou às bancas este mês:
“vultos do crime organizado”
Cruzeiro lavou 3 milhões de reais do PCC na compra de atacante, diz PF
Ex-presidente do clube afirma que valores revelados pela investigação não têm relação com transferência do atleta
Allan de Abreu, do Rio de Janeiro|13 fev 2025_17h03
Dos 13 aos 19 anos, o atacante Diogo Vitor foi tratado como grande promessa no Santos Futebol Clube. No jargão da bola, era uma “joia da base”. Chegou a ser sondado pela equipe B do Real Madrid e por clubes portugueses. Em 2016, foi alçado à equipe principal do Santos e passou a ter a carreira gerenciada por William Barile Agati, um próspero empresário paulistano, dono de imóveis de alto padrão em São Paulo e de uma fazenda de 12 mil hectares em Mato Grosso. Dois anos mais tarde, em 4 de março de 2018, no Campeonato Paulista, Diogo Vitor teve o seu momento de glória ao marcar o gol de empate no clássico contra o Corinthians, já no fim da partida, no estádio do Pacaembu. Pouco mais de duas semanas depois, porém, logo após a partida do Santos contra o Botafogo de Ribeirão Preto pelas quartas de final do torneio, o jovem atacante foi flagrado pelo exame antidoping por uso de cocaína.
Foi impedido de jogar profissionalmente por um ano e meio, período em que ficou sem salário ao ter o contrato com o Santos suspenso. Agati passou a pagar todas as contas do jogador. No início de 2020, o clube rescindiu o vínculo com Diogo Vitor. Meses depois, ele assinou um contrato para atuar na equipe sub-23 do Corinthians, mas acabou dispensado em janeiro de 2021 sem nunca ter entrado em campo pelo clube paulistano. A carreira do atacante parecia arruinada, mas Agati tentou uma última jogada: negociou o atleta com o Cruzeiro, um dos gigantes de Minas, que na época vivia o calvário da série B do Campeonato Brasileiro.
Foi uma transação financeira estranha. Por ter contratado o jogador, o normal seria que o Cruzeiro pagasse a Agati, já que o empresário detinha os direitos econômicos do jovem. Mas o dinheiro tomou o caminho contrário: entre 11 de fevereiro e 16 de março de 2021, foi a F1rst Agência de Viagens e Turismo, empresa de Agati, quem transferiu, em parcelas, 3 milhões de reais para as contas do clube mineiro. Passados três dias da última transferência, o Cruzeiro começou a devolver parte do dinheiro, um total de 1,58 milhão de reais, para a conta pessoal do empresário e para a Burj Motors, outra empresa de Agati.
Foi um péssimo negócio para o Cruzeiro. Assim como ocorreu no Corinthians, Diogo Vitor deixou a agremiação no fim daquele ano sem ter disputado um jogo sequer. Para Agati, aparentemente, também foi mau negócio, já que ele entregou 3 milhões de reais ao clube mineiro e só recebeu de volta metade do valor. Mas, para o Ministério Público Federal, o objetivo de Agati no negócio não era lucrar, mas lavar parte do dinheiro que amealhou com o comércio de cocaína. Afinal, sua empresa recebeu 1,5 milhão em uma transação simulada e ainda ficou com um “crédito” de igual valor, para transações futuras, com outros atletas.
Entre 2019 e 2021, nas contas do MPF, Agati traficou cerca de duas toneladas de cocaína para o Sul da Espanha, seja em navios partindo do Porto de Paranaguá (PR), seja em um jato executivo Dassault, que, segundo um delator da quadrilha, transportava do Brasil para a Europa tanto jogadores de futebol quanto cocaína pura. O dinheiro era movimentado por meio de doleiros – a piauí encontrou documentos que comprovam que Agati era o representante de uma offshore denominada Baroh Invest nas Ilhas Seychelles, Caribe.
Com vínculos estreitos com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC), Agati integrou um consórcio formado por criminosos brasileiros e europeus para resgatar da prisão em Moçambique Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, um dos maiores narcotraficantes brasileiros, por meio do suborno a altas autoridades do país africano. Ele também não titubeou em ordenar o assassinato de quatro membros da quadrilha que furtaram um carregamento de cocaína no litoral paranaense.
Em nota, a assessoria do Cruzeiro informou que a atual gestão assumiu a SAF do clube em maio de 2024 e que por isso não tem conhecimento sobre a transação financeira com William Agati. “Contudo, o Cruzeiro SAF está à disposição das autoridades, sem medir esforços, para colaborar com o que for necessário”, conclui o comunicado.
Já o advogado Sérgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro em 2021, disse à piauí que Diogo Vitor foi cedido gratuitamente ao clube, e que as transferências bancárias entre o Cruzeiro e o empresário se devem a um contrato de empréstimo feito por Agati ao clube mineiro, sem relação com o jogador. “Não houve compra de passe [do atacante], não. Foi pedido uma oportunidade [dada] para o Diogo tentar voltar a jogar”, disse Rodrigues. Ainda segundo o advogado, todo o valor supostamente emprestado por Agati foi quitado.
Embora não fosse filiado ao PCC, William Agati foi escolhido como uma espécie de “broker” da facção, alcunha de alguém com perfil discreto e astúcia em se manter abaixo do radar da polícia. Quando aparecia em uma ou outra investigação, pagava propina para ter o nome limado do inquérito, como fez em 2019, quando desembolsou 800 mil reais para dois policiais do Departamento Regional de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo: Valmir Pinheiro e Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, presos em setembro passado. Um dos sócios dele no tráfico era Edmilson de Menezes, o Grilo, ex-cunhado de Roberto Soriano, o Tiriça, um dos maiores líderes do PCC (Grilo morreu atropelado no ano passado na Via Dutra, durante romaria a Aparecida, no Vale do Paraíba).
Segundo a PF, cabia a Agati, entre outras funções, vender grandes remessas de cocaína enviadas da Bolívia por Fuminho para Nicola Assisi, representante, no Brasil, da máfia italiana ‘Ndrangheta. Assisi e o filho Patrick foram presos em julho de 2019 em Praia Grande, Baixada Santista, e desde então aguardam o julgamento de um pedido de extradição feito pelo governo italiano.
Ao analisar as imagens gravadas por uma câmera instalada no apartamento de Assisi, a Polícia Federal identificou um grupo de traficantes responsável por inserir cargas de cocaína nos contêineres do Porto de Paranaguá, entre eles Jeferson Barcelos de Oliveira, guarda municipal da cidade do litoral paranaense.
Ao investigar Oliveira, a PF chegou ao chileno Cristian Gerardo Fuenzalida Guzmán, homem de confiança de Agati e ponte entre o empresário paulistano e os traficantes de Paranaguá. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostram que, entre 2017 e 2020, Guzmán transferiu 4,8 milhões de reais para empresas de Agati, incluindo a F1rst, usada na transação com o Cruzeiro. Um valor muito acima da capacidade financeira do chileno, de acordo com o MPF. Outro dado que chamou a atenção da PF é que na sede da F1rst, em Florianópolis, funcionava uma casa de câmbio.
No início de 2020, o grupo se preparava para enviar 770 kg de cocaína para o Porto de Valência, na Espanha, via Paranaguá. Mas, na madrugada de 21 de março daquele ano, uma quadrilha disfarçada de policiais federais interceptou o caminhão que levava a droga ao porto paranaense e roubou todo o carregamento. A perda da cocaína, que gerou um prejuízo estimado em 4 milhões de dólares, deixou Agati e Grilo furiosos. “Vou descontar meu ódio nesses pilantra”, escreveu Grilo no Sky ECC, um aplicativo utilizado por criminosos do mundo todo por conta da forte criptografia. “Irmão, mata todo mundo”, respondeu Barby, um traficante espanhol não identificado pela PF, em mensagem traduzida ao português pelo Google.
Poucas horas após o roubo chegou-se a um suspeito: o guarda municipal Jeferson Oliveira. Na noite daquele mesmo dia 21, Guzmán e outros três homens foram até a casa de Oliveira, em Paranaguá. Sob as ordens de Agati, começaram a espancar o guarda municipal, em um típico “tribunal do crime” do PCC. Mas Oliveira foi salvo pela Polícia Militar, que chegou ao endereço após ser alertada por vizinhos, assustados com a gritaria na casa do guarda.
Na casa, os policiais encontraram três pistolas, um revólver, 24 celulares e 39 lacres utilizados em contêineres. Todos foram presos em flagrante, mas liberados dias depois, para azar de Oliveira. No dia 6 de maio daquele ano, o guarda municipal manobrava o seu carro em frente a uma oficina mecânica em Paranaguá quando foi executado com vários tiros. A morte foi comemorada por Agati. “Mataram o guarda, mandaram pro inferno”, escreveu no Sky ECC. Três semanas antes, outro suspeito do roubo, Marcos Antonio Carvalho, também foi assassinado a tiros de fuzil em um posto de combustível de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Para a Polícia Federal, “o grupo queria não só a vingança, mas ter o domínio das atividades no Porto de Paranaguá”. Houve ainda um terceiro assassinato, cuja vítima não foi identificada pela PF.
Uma delação levaria a Polícia Federal a desvendar o modal aéreo usado por Agati para exportar cocaína à Europa. Preso em 2020 por lavar dinheiro do tráfico em Paranaguá, Marcos José de Oliveira firmou um acordo de colaboração com o MPF e delatou o uso de aviões particulares por Agati, inclusive o Dassault Falcon adquirido por ele em 2019 por 4,5 milhões de reais, para levar jogadores de futebol e também cocaína para o continente europeu. A PF não identificou quais seriam esses atletas, mas encontrou mensagens no Sky ECC em que membros da quadrilha de Agati compartilham com o “capo” imagens de fundos falsos em aviões onde seria possível ocultar até 1,2 tonelada de cocaína. (A PF e o MPF obtiveram acesso ao conteúdo das mensagens do aplicativo graças a um acordo de cooperação com o Ministério Público italiano, que tinha acesso ao material.)
A PF suspeita que parte da droga enviada por Agati para a Europa fosse fornecida por Fuminho. Conforme reportagem da piauí, após seguir os passos da namorada do traficante do PCC pelo Brasil, Argentina e África do Sul, a Polícia Federal descobriu que Fuminho estava hospedado em um hotel de luxo em Maputo, capital moçambicana, onde a facção pretendia fincar base, com o apoio de Agati e do cônsul honorário de Moçambique em Belo Horizonte, Deusdete Januário Gonçalves.
Na época, o consulado de Moçambique na capital mineira havia se transformado em um quartel-general do PCC – Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, um dos líderes da facção paulista, trabalhou na representação diplomática entre julho de 2018 e julho de 2019. O delator Marcos Oliveira disse que Agati, que também era funcionário do consulado, planejava criar várias representações parecidas do país africano pelo Brasil, que serviriam de base para o PCC, uma vez que, por lei, representações diplomáticas são invioláveis. Ainda segundo Oliveira, Agati chegou a vender carteiras de cônsul de Moçambique para lideranças da facção, a 2 milhões de reais cada.
Em 13 de abril de 2020, policiais do DEA (Drugs Enforcement Administration) disfarçados de hóspedes do hotel em Maputo onde estava Fuminho prenderam o traficante, que possuía dois mandados de prisão em aberto no Brasil. Começava aí uma corrida entre mocinhos e bandidos. De um lado, a pressa da PF em trazer Fuminho o quanto antes para o Brasil, pois a corporação temia uma fuga do traficante. De outro, Agati e o croata Kristijan Palić capitanearam um consórcio de traficantes do Brasil e dos Bálcãs para tirar Fuminho da cadeia, com o auxílio do cônsul Deusdete Gonçalves.
De pronto, surgiram dois caminhos: o legal, por meio de recursos à Justiça moçambicana impetrados por advogados ligados à facção, e outro ilegal, que seria o resgate à força de Fuminho da cela dentro de uma delegacia especializada da polícia moçambicana por meio da cooptação de servidores públicos em Maputo.
Em conversas pelo Sky ECC, Palić informou ao grupo de criminosos que um policial moçambicano estava disposto a entregar um telefone celular para Fuminho dentro da cela da delegacia em Maputo em troca de 2,5 milhões de dólares. Agati autorizou o pagamento e um celular foi entregue ao detento de uma cela vizinha à de Fuminho. O traficante então enviou mensagens para o cônsul Deusdete Gonçalves com ordens para destruir documentos no Brasil que pudessem incriminá-lo ainda mais. “O negro comédia encontrar com o batista / e resolver o trabalho com o carcamano / O machucado cuidar das contas com o peruca / Mikel deve ir a casa ou escritório destruir tudo”, escreveu Fuminho. Gonçalves repassou os recados com Agati, Palić e os demais, mas em troca pediu um “agrado” por parte dos traficantes. “Eu espero um pequeno agrado. Eu não quero muita coisa, meu negócio é ajudar. Um pequeno agrado pra mim. […] A gente queima muito cartucho, a gente é dedicado”, disse a um advogado contratado pelo PCC no Brasil.
O cônsul ainda solicitou 1,5 milhão de dólares que, segundo ele, seriam entregues ao primeiro-ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário. Em troca, Rosário atuaria pela libertação de Fuminho, segundo o cônsul. “Eu achei uma abertura maior com o primeiro-ministro e ele falou: ‘não, a gente pode tentar resolver’. […] Que eu falei que o rapaz [Fuminho] não é tudo aquilo que tá saindo na internet, que o rapaz é empresário aqui, é gente boa”, disse Gonçalves aos advogados do PCC. Ainda segundo o cônsul, o primeiro-ministro prometeu retardar a extradição do traficante (“Ele disse […] ‘eu seguro pra você, mas eu seguro até certo ponto’”).
Não se sabe se a propina foi efetivamente paga pelo consórcio criminoso. Fato é que, no dia 19 de abril, em uma operação sigilosa, o traficante foi entregue pela polícia local aos agentes da PF na pista do aeroporto da capital moçambicana. Após uma rápida escala em Guarulhos, o avião da FAB pousou em Cascavel, Oeste do Paraná, de onde um helicóptero da PF levou Fuminho para a penitenciária federal de Catanduvas, cidade vizinha. Desde então, o traficante segue preso.
Procurado pela piauí, Gonçalves disse que as nomeações de Tuta e Agati foram impostas pela Embaixada de Moçambique no Brasil. “Passados alguns meses, quando eu demiti os dois, comecei a ser perseguido pelo governo moçambicano e perdi o posto de cônsul”, afirmou. Gonçalves, que é brasileiro com cidadania moçambicana, negou que tenha conversado com advogados do PCC a respeito de Fuminho, apesar dos registros de áudio obtidos pela PF. A Embaixada de Moçambique em Brasília não se manifestou. Coincidência ou não, na mesma época em que Agati negociou o atacante Diogo Vitor com o Cruzeiro, o clube mineiro fechou uma parceria com o governo de Moçambique para o intercâmbio de atletas do país africano
Apedido da PF e do MPF, a 23ª Vara da Justiça Federal em Curitiba decretou a prisão de Agati, Guzmán e de outras nove pessoas, em dezembro último. Mas Agati soube com um dia de antecedência da operação da PF, batizada de Mafiusi, e conseguiu fugir. Só seria preso no fim de janeiro, quando decidiu se entregar, após ter pedidos de habeas corpus negados pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região. Em nota, o advogado dele, Eduardo Maurício, definiu Agati como “um empresário idôneo e legítimo, primário e de bons antecedentes, pai de família, que atua em diversos ramos de negócios lícitos, nacionais e internacionais, sempre com ética e seguindo as leis vigentes e os bons costumes”. Também afirmou que Agati é inocente “e isso ficará provado ao final do processo” e qualificou a prisão do empresário como “ilegal e abusiva” por causar a Agati “evidente constrangimento ilegal, já que se colocou à disposição da polícia de livre e espontânea vontade, a fim de colaborar com a Justiça na busca da verdade real dos fatos”.
Para Maurício, as acusações da PF e do MPF são “ilações sem qualquer fundamento, baseadas em conversas telefônicas no telefone criptografado Sky ECC, prova manipulada e nula de pleno direito, que fere a cadeia de custódia da prova, lei de interceptação telefônica e normas e princípios constitucionais”. Por fim, o advogado disse que Agati nunca utilizou telefone com esse aplicativo.
A investigação da PF prossegue em relação à venda do passe de Diogo Vitor para o Cruzeiro e à tentativa de resgate de Fuminho em Moçambique.
Com todas as partidas da última rodada no mesmo horário e todas valendo muito, nas partes de cima e de baixo da tabela de classificação.
Importante ressaltar que o regulamento é maluco, que não privilegia os times de melhor rendimento geral. Por exemplo, o Cruzeiro com 11 pontos está nas semifinais, mesmo tendo ficado atrás do Betim, 15, e Athletic, 12 pontos. Como ficou em primeiro no grupo C, está classificado. Mas, se todos os clubes concordaram com essa forma de disputa, cumpra-se e que ninguém resmungue.
No rebaixamento prevaleceu o bom senso e os dois que somaram menos pontos vão para a segunda divisão 2026, chamada bestamente de Módulo II. Coisas do Brasil. Villa Nova, quatro pontos, e Aymorés, sete, também do mesmo grupo C, dançaram.
Villa 0 x 2 Tombense, Democrata-GV 2 x 1 Cruzeiro, América 0 x 0 Aymorés, Atlético 3 x 0 Itabirito, Pouso Alegre 2 x 1 Uberlândia e Athletic 1 x 4 Betim.
Jornalista Sônia Mineiro (esq.), a medalhista olímpica de basquete, Marta Sobral e Adriana Branco (Foto: 7DiasNews)
Sábado me juntei aos amigos e amigas que foram cumprimentar a Adriana Branco.
Nessa carência de grandes executivos de futebol (cujos papagaios da imprensa passaram a chamar de CEO) em Minas e no Brasil, está aí um grande nome, referência de competência, determinação e seriedade: Adriana Branco foi braço direito de Alexandre Kalil no Atlético e no primeiro mandato dele como prefeito de Belo Horizonte.
No segundo mandato, exercido na maioria do período pelo Dr. Fuad Noman, que era o vice-prefeito, ela foi comandar a Secretaria Municipal de Esportes, com a excelência de sempre. Nessas voltas que a política dá, Adriana se despediu sábado do cargo de Secretária, logo depois do lançamento do seu último projeto à frente da pasta: o Bora Jogar + Basquete, na Quadra Jornalista Eduardo Couri, na Barragem Santa Lúcia/Vila Paris, evento prestigiado inclusive pela Marta Sobral, uma das maiores jogadoras da modalidade do país, medalhista olímpica duas vezes (prata em Atlanta 1996 e bronze em Sydney 2000) e pelas maiores autoridades do basquete mineiro.
Depois da quadra, foi homenageada pela família, antigos colegas de trabalho na PBH, Atlético imprensa e amigos, lá no Bar da Lora, na Savassi.
Deusuíte Matos, presidente da BHTrans, Adriana Branco, Marta Sobral, Cláudia, Chico Maia, Marcílio Cassini, ex-presidente da Federação Mineira de Basquete; Carlos Roberto Gonçalves da Rocha ‘Jacaré’, presidente do Mackenzie e o Dr. Hércules Guerra, Procurador Geral da PBH
Sucesso a ela em seus próximos desafios profissionais seja onde for. Tem propostas para trabalhar em diferentes áreas, dos setores público e privado, com forte tendência de retornar ao mundo privado. O sucessor da Adriana na Prefeitura deverá ser o Pelé, um dos maiores jogadores de vôlei do país, outra grande figura humana, experiente na função, já que foi Secretário de Esportes do Estado, até 2023, no governo Romeu Zema.
Que beleza. O clássico mineiro dominou as atenções da imprensa nacional, no domingo e segunda-feira, obrigando-a a dar um tempo para a overdose de Neymar que dominava o país desde que foi anunciada a volta dele ao Santos.
Impressionante a ânsia de grande parte da mídia em inventar ou ressuscitar ídolos, mesmo que seja às custas de muita “forçação” de barra, a favor de quem nunca fez por onde merecer.
Hulk, 38 anos, dois gols no clássico, muita determinação, futebol e vigor físico. Exemplo de profissional.
Ao mesmo tempo em que Neymar, 33 anos, não saía de um 0 a 0 com o Novorizontino. Manchete do GE: “Neymar é o mais caçado e tem jogo apagado em sua reestreia como titular na volta ao Santos”.
O “menino” continua sendo “vítima” dos “horripilantes” adversários!
E imaginar que Tite levou pra Copa do Catar, Daniel Alves, que foi desaposentado na época para servir de “exemplo” ao grupo, segundo palavras do treinador. E Hulk, voando na época, que nem agora, nem citado era por paulistas e cariocas, muito menos por Tite.
Diogo Medeiros em ação no Canal Cruzeiro Sports, em foto reproduzida do YouTube
Quem nunca se excedeu em alguma coisa na vida que “atire a primeira pedra”. Diogo Medeiros, um dos pioneiros, mais divertidos e corajosos donos de canais digitais em nosso futebol, não aguentou depois do segundo gol do Hulk e mandou ver: “Vai tomar no c… Hulk! Filho da p… Mandando beijinho para a torcida do Cruzeiro e colocando a mão no ouvido. Se ninguém fala, eu falo. Tá doido, folgado. Pode comemorar, mas não vem tirar onda, não, rapaz”!
Como o Galo ganhou, os atleticanos morreram de rir e viralizaram o desabafo e xingamentos nas redes.
Mas, o Diogo estava trabalhando, devidamente credenciado pela AMCE – Associação Mineira de Cronistas Esportivos -, que tem regras a serem seguidas pelos seus associados.
No domingo mesmo, de cabeça fria, o Diogo sentiu que tinha exagerado e pediu desculpas: “De forma sincera, venho aqui pedir desculpas. No final do jogo, fiz alguns comentários inadequados sobre o Hulk. Reconheço que errei. Houve provocações de ambos os lados, e eu estava irritado. Revendo o vídeo, percebi que minha atitude não foi correta. Peço desculpas. Levo a rivalidade na esportividade”.
Mas, a repercussão das expressões usadas foi enorme e ontem, em carta assinada pelo presidente Luiz Carlos Gomes, a entidade suspendeu todo futuro credenciamento do dono do canal Cruzeiro Sports (YouTube) nos próximos jogos e o chamou para reunião na próxima quinta-feira para tratar do assunto.
Diogo Medeiros tem tradição “sangue azul”, raiz. É neto do saudosíssimo Aldair Pinto, um dos maiores comunicadores do rádio brasileiro, com quem tive o privilégio e honra de trabalhar na Rádio Capital, no início da emissora em Minas, em 1979.
Aldair é um dos autores do hino do Cruzeiro, fundador da charanga, criada para enfrentar a do Júlio nas arquibancadas do Mineirão nos anos 1960/1970. Um dos maiores cruzeirenses da história.
A carta da AMCE, assinada pelo presidente Luiz Carlos Gomes e pelo diretor Mário Brito
Aos 17 minutos o VAR deveria ter chamado o árbitro para ver que Lyanco pisou intencionalmente no braço do Dudu. Foi diante das câmeras.
O zagueiro do Galo seria expulso e não teria tomado a cotovelada do Gabigol, aos 29, quando o atacante recebeu o cartão vermelho, merecidamente, por que, dessa vez o VAR chamou a arbitragem para ver o lance.
O senhor VAR, Rodolpho Toski Marques, precisa ser chamado às falas pra se explicar.
O Galo que precisava vencer o jogo, aumentou a própria responsabilidade. Com um a mais, teria que se aproveitar.
No intervalo, Cuca fez o que o Milito deveria ter feito na final da Libertadores contra o Botafogo, aos 30 segundos, quando o Gregore foi expulso: colocar atacantes em campo e partir pra cima. Tirou Junior Alonso, que tinha tomado cartão amarelo aos 20 do primeiro tempo, e pôs o Palácios.
Começa o segundo tempo e aos nove minutos Palácios ajeita para o Hulk, que marcou o gol. Cássio foi com a mão bamba, e a bola entrou.
Importante lembrar que Gabigol desperdiçou ótima oportunidade em posição semelhante à que Hulk estava na área. Só que Everson fez uma boa defesa.
Aos 23 do segundo tempo o técnico interino do Cruzeiro comete um grande erro: tira Matheus Pereira. Poderia tirar qualquer outro, menos ele, que é decisivo. Pôs o Balassie, ótimo, mas não tirasse o Pereira. Ao mesmo tempo tirou o Romero para entrar o Christian.
Aos 40, Cuello, aposta 100% do Cuca, cruza com perfeição para Hulk, que fecha o caixão: 2 a 0.
Muito importante lembrar: Cássio fez duas grandes defesas no segundo tempo, mas no primeiro, falhou em lances que poderiam ter complicado mais a vida do time.
Gabigol se mostrou irresponsável, como nos dois últimos anos dele no Flamengo. A cotovelada dele no Lyanco, foi coisa pessoal, para vingar problemas que tiveram na final da Copa do Brasil do ano passado. Ferrou o time. Com salários que beira três milhões, tudo errado. E ainda foi aplaudido quando saiu de campo, expulso. Só cabeças cozidas para aplaudir alguém numa situação dessas.
x.Mineirao
Este Rodolpho Toski Marques, paranaense, é uma figura cheia de polêmicas na carreira de árbitro. Mas tem prestígio na CBF. Foi VAR na final da Copa América 2024, quando a Argentina venceu a Colômbia. Assunto para uma próxima coluna.
De uns anos para cá a violência entre as chamadas “torcidas organizadas”, que na verdade são gangs e não torcidas de futebol, acontece cada vez mais longe dos estádios. Os dirigentes dos clubes e autoridades do governo do estado estão cansados de saber disso. Mas adotam o absurdo de torcida única nos clássicos, como se isso fosse resolver o problema.
O pau cantou hoje, por volta das 11 horas, em Venda Nova/Belo Horizonte, bem longe do Mineirão, palco do jogo, que terá torcida única. Os dirigentes de Cruzeiro e Atlético lavam as mãos, as polícias não conseguem evitar a guerra das gangs, moradores dos bairros onde o pau quebra se danem se sobrar pra eles. E assim caminha Minas, Pernambuco, Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Paraná e onde mais houver futebol n Brasil.
Torcida única é burrice e não resolve o problema. As gangs brigam é nas ruas da cidade, longe do estádios. Como nessas cenas de hoje, por volta das 11 horas, em Venda Nova. A incompetência e frouxidão apostam em torcida única como solução.
Os quatro melhores times foram responsáveis pelos melhores jogos que assisti até agora no Campeonato Mineiro. Parece uma obviedade, mas isso não serve para fazer com que os dirigentes dos próprios clubes e Federação mudem a fórmula da competição, que nesse formato, já era. É coisa do século passado. Atlético 1 x 0 Athletic, Atlético 1 x 1 América e América 1 x 1 Cruzeiro. Neste domingo, certamente outro grande jogo: Cruzeiro x Atlético, infelizmente com essa excrescência de “torcida única” no Mineirão, ideia desses dirigentes incompetentes e autoridades frouxas do governo do estado.
Por um novo formato Os quatro melhores times de toda temporada só deveriam entrar no campeonato na fase decisiva, porém, num regulamento tipo Copa do Mundo. O estadual deveria ser disputado durante o ano inteiro, sem as ridículas segunda e terceira divisões. Assim como há eliminatórias para a Copa, todos os filiados à FMF, deveriam disputar também eliminatórias do estadual. Regionalizada, resgatando grandes clássicos do interior, barateando a disputa, sem rebaixamento, o que poderia dar oportunidade a jogadores jovens das regiões mais distantes desse país chamado Minas Gerais, que sonham conseguir pelo menos um teste num clube que lhe dê visibilidade, o que é cada vez mais difícil nos dias de hoje.
Igual Copa do Mundo Assim como na Copa, dessas eliminatórias 32 clubes se classificariam e juntos com os quatro primeiros da temporada anterior disputariam a fase decisiva do estadual, numa região do estado a cada ano. Durante um mês, as cidades e os melhores estádios Triângulo Mineiro seriam sede. Na edição seguinte, o Sul de Minas; em outra, o Norte; o Centro, enfim, só pensar, ajustar e colocar em prática.
Interesses inconfessáveis Mas, a cartolagem nem se senta pra trocar ideias sobre mudanças tipo essa, que trariam motivação geral. Só se a Globo tomasse frente, ou Atlético, Cruzeiro, América e alguns clubes de maior peso do interior chamassem a FMF e CBF pra conversar. Até que isso aconteça, temos de aguentar essa coisa horrorosa e perda de tempo, que não gera dinheiro e nem evolução técnica para clube nenhum. Parece coisa de doido, mas é assim que as coisas funcionam em Minas e no Brasil. Os famosos “interesses inconfessáveis” de alguns, em detrimento da esmagadora maioria e do bom senso, como diria Leonel de Moura Brizola.
Chico Maia é jornalista formado pelo Uni-BH (antiga Fafi-BH) e advogado pelo Unifemm-SL. Trabalhou nas rádios Capital, Alvorada FM, América e Inconfidência. Na televisão, teve marcante passagem pela Band Minas e também RedeTV!. LEIA MAIS contato@chicomaia.com.br